Na Nova Zelândia, Guterres defende proteção da vida das pessoas e do planeta
Secretário-geral reafirma que é preciso “reverter alterações climáticas e garantir que novas tecnologias sejam uma força para o bem e não um risco”; apelo à ação climática domina turnê que inclui ilhas Fiji, Tuvalu e Vanuatu.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, elogiou os esforços da primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, para conter o extremismo violento nas redes sociais e a “liderança visionária” do país na ação climática global.
O chefe das Nações Unidas falou este domingo em Auckland, na primeira etapa da visita à região do Pacífico. Nos próximos dias, o representate estará nas ilhas Fiji, Tuvalu e Vanuatu onde pretende deixar uma mensagem à região e ao mundo em relação à ação climática.
Tendência
Sobre este tema, Guterres destacou que de uma forma absoluta “o mundo deve recuperar o atraso”, parar e reverter a tendência dramática atual além de não permitir uma mudança climática descontrolada. O secretário-geral sublinhou ainda que é preciso "proteger a vida de todas as pessoas e é preciso proteger o planeta".
O representante contou que, todos os anos, desde que assumiu o cargo de alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, ele vai a um país muçulmano durante o mês de Ramadã para uma "visita de solidariedade".
Em 2019, a escolha da cidade neozelandesa de Christchurch pretende “homenagear a coragem e a resiliência da comunidade, bem como a união que foi mostrada pela Nova Zelândia após os ataques de 15 de março”.
O chefe da ONU elogiou a primeira-ministra pela resposta aos ataques de Christchurch, e pelo apelo feito na sequência do ataque em prol do combate ao uso das redes sociais para promover e organizar o terrorismo.
Risco Dramático
Guterres disse que a ter de escolher dois maiores desafios dos líderes políticos no mundo atual, apontaria claramente para a necessidade de reverter as alterações climáticas e, segundo, garantir que as novas tecnologias “se tornem uma força para o bem e não um risco dramático para o bem-estar de todos".
Ao voltar a dar ênfase à questão climática, o secretário-geral mencionou o exemplo das recentes tempestades arrasadoras em Moçambique. Ele destacou que o mundo já sente de uma forma clara que a situação é ainda pior mais do que se previa.
Guterres afirmou que estes desastres naturais se tornam mais frequentes e têm consequências humanitárias mais dramáticas. Ele apontou ainda o avanço da seca no continente africano e em diferentes partes do mundo.
Para o secretário-geral, “o paradoxo é que, à medida que as coisas pioram, a vontade política parece desaparecer”.
Comunidade
Falando sobre os objetivos recentemente divulgados pelo governo neozelandês sobre alterações climáticas, o representante considerou que estes estão alinhados com o que a comunidade científica global considera “essencial".
A Nova Zelândia apresentou uma legislação que pretende alcançar um aquecimento climático de 1,5º C, para se tornar neutra em carbono antes de 2050.
Quanto às ilhas do Pacífico, o chefe da ONU declarou não acreditar que haja uma outra região “com autoridade moral para dizer ao mundo que precisa obedecer ao que a comunidade científica tem dito”.
Consequências
Guterres disse haver um consenso de que se não for limitado o aquecimento climático a 1,5º C, as consequências serão catastróficas. O representante frisou que mesmo com esse limite já ocorrem e haverá problemas.
Para o secretário-geral, se o mundo não conseguir atingir a neutralização do carbono, até 2050, haverá uma “situação dramática”.