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Chefe da ONU expressa solidariedade com comunidade muçulmana em mesquita em Nova Iorque

Guterres fez apelo global para “reafirmar a santidade de todos os lugares de adoração” e a “segurança de todos os crentes.”
Foto: ONU/Evan Schneider
Guterres fez apelo global para “reafirmar a santidade de todos os lugares de adoração” e a “segurança de todos os crentes.”

Chefe da ONU expressa solidariedade com comunidade muçulmana em mesquita em Nova Iorque

Assuntos da ONU

Secretário-geral lembra o Islão como fé de amor, compaixão e perdão e deixa apelo a união; alto representante da Aliança de Civilizações vai desenvolver Plano de Ação para de salvaguarda dos locais religiosos.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, visitou esta sexta-feira o Centro Cultural Islâmico, em Nova Iorque para expressar a sua solidariedade e o seu apoio à comunidade islâmica.

A visita acontece na sequência do ataque terrorista da última sexta-feira onde morreram pelo menos 50 pessoas na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia.

Fé de Amor

O secretário-geral da ONU, António Guterres, visitou esta sexta-feira o Centro Cultural Islâmico, em Nova Iorque para expressar a sua solidariedade e o seu apoio à comunidade islâmica.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, visitou esta sexta-feira o Centro Cultural Islâmico, em Nova Iorque para expressar a sua solidariedade e o seu apoio à comunidade islâmica.
Foto ONU/ Evan Schneider

Guterres começou por afirmar que ficou “profundamente comovido” com as palavras de um crente quando viu um estranho a entrar na mesquita e disse "olá irmão."

Em discurso a esta comunidade religiosa, Guterres afirmou que este espírito de amor “está profundamente enraizado no Islão.” Uma religião que o chefe da ONU “muito respeita” por ser “uma fé de amor, compaixão, perdão, misericórdia e graça.”

O representante lembrou que enquanto alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, assistiu à generosidade dos países muçulmanos que sempre abriram as suas fronteiras às pessoas em perigo.

Este espírito, diz Guterres, está também espelhado na Surata Al-Tawbah do Alcorão Sagrado onde se lê que “E se alguém procurar a sua proteção, conceda-lhe proteção para que ele possa ouvir as palavras de Alá. Então escolte-o onde ele possa estar seguro.” Palavras que, lembra o chefe da ONU, foram reveladas ao profeta há mais de 14 séculos antes da Convenção de 1951 sobre a Proteção de Refugiados.

Guterres considera que num período de dificuldades é necessária mais união e partilhou como está “profundamente comovido” com as “extraordinárias demonstrações de liderança, amor e comunidade do povo da Nova Zelândia”.

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Alerta

Para ele, o ataque foi “totalmente aterrador” mas considera que “talvez não seja totalmente surpreendente” uma vez que se assiste “em todo o mundo ao crescente ódio antimuçulmano, o antissemitismo, o discurso de ódio e o fanatismo.”

Guterres recorda que tem “repetidamente alertado para estes perigos” e que o discurso de ódio se está a espalhar “como fogo”, destacando que as redes sociais estão a ser exploradas como “plataformas para o fanatismo.”

Para combater esta realidade, o secretário-geral evocou o “papel importante” dos meios de comunicação mencionando, um estudo recente da Universidade da Geórgia e da Universidade do Alabama.

A pesquisa “descobriu que, mais ou menos na última década, os ataques nos Estados Unidos da América por aqueles que se dizem muçulmanos tiveram uma cobertura 357% maior do que os ataques realizados por outros.”

Apelo

Perante esta realidade, o representante destaca que é necessário “agir contra o extremismo em todas as suas formas, seja em mesquitas, sinagogas, igrejas ou em qualquer outro lugar.”

Por isso, faz um apelo global para “reafirmar a santidade de todos os lugares de adoração” e a “segurança de todos os crentes.”

Neste sentido, Guterres anunciou que o alto representante da Aliança de Civilizações das Nações Unidas, Miguel Moratinos, irá desenvolver um Plano de Ação para que “a ONU esteja plenamente empenhada em apoiar a salvaguarda dos locais religiosos.”

A Aliança das Civilizações será responsável por contactar governos e organizações religiosas, líderes religiosos, entre outros, para explorar ações que evitem ataques e garantam a santidade dos locais religiosos.