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ONU apoia tratamento médico de mais de 10 mil vítimas de desastre natural em Moçambique

Família moçambicana em frente a um abrigo provisório, na cidade da Beira, em Moçambique.
UNICEF
Família moçambicana em frente a um abrigo provisório, na cidade da Beira, em Moçambique.

ONU apoia tratamento médico de mais de 10 mil vítimas de desastre natural em Moçambique

Ajuda humanitária

OMS enviou profissionais e materiais de saúde para o terreno; pelo menos 53 instalações sanitárias foram danificadas pelo mau tempo; diretora-geral do Unicef visita áreas afetadas para mobilizar apoio para crianças e suas famílias; acompanha aqui a cobertura especial da ONU News. 

Na sequência da ação de ajuda às vítimas do ciclone Idai em Moçambique, a Organização Mundial da Saúde, OMS, enviou especialistas na gestão de incidentes e suprimentos médicos de emergência.

O objetivo é cobrir as necessidades básicas de saúde de 10 mil pessoas em três meses, além de tratar feridos graves devido aos efeitos da intempérie.

Pma distribui ajuda alimentar em Búzi e Guaraguara
Pma distribui ajuda alimentar em Búzi e Guaraguara, by PMA/Deborah Nguyen

Mortos e deslocados

O governo já confirmou pelo menos 280 mortes causadas pelo desastre, que também assolou os vizinhos Maláui e Zimbabué. Mais de 660 mil pessoas foram deslocadas na província central de Sofala, a mais afetada pelo ciclone.

Milhares de moçambicanos não têm abrigo, água potável, alimentos e eletricidade. Essa situação foi testemunhada pela representante do Programa Mundial de Alimentos, PMA, Karin Manente, ao visitar um local de acomodação com centenas de vítimas em Sofala.

Esforço

“900 famílias, estão numa escola e escaparam das suas casas com muito pouco, praticamente só com a roupa que estava no corpo. No centro de acomodação se viam pouquíssimas coisas. Então, está difícil. Muita gente, no mesmo local, com muita pouca coisa. Comida já estava entrando, tanto do governo como do PMA, mas faltava outras coisas básicas. Esse esforço está em andamento.”

O foco das operações de auxílio lideradas pelo governo é a busca, o salvamento e a criação de acampamentos para a emergência. As necessidades imediatas incluem a oferta de abrigo, comida e água potável.

Acesso

As estradas ficaram inacessíveis devido às inundações. Também falta combustível para helicópteros que são os únicos meios para ter acesso a alguns locais.

Soundcloud

De acordo com a OMS, 53 instalações de saúde foram danificadas e ainda não se conhece a dimensão total dos danos porque muitos locais continuam inacessíveis.

Os profissionais da agência estão envolvidos em ações como logística, epidemiologia, planejamento, comunicações e prevenção de doenças como cólera e malária. A OMS ajuda o governo a avaliar ofertas de médicos de emergência de vários países.

Comunidade

Cecilia Borges carrega o filho, Fernandino Armindo, na Beira, Moçambique.
Cecilia Borges carrega o filho, Fernandino Armindo, na Beira, Moçambique. , by UNICEF

Até sábado, a diretora-geral do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Henrietta Fore, visita as áreas afetadas pelo ciclone na Beira. A meta é ver em primeira mão o impacto do desastre nas crianças e em famílias e apoiar a resposta humanitária. 

A Organização Internacional para Migrações, OIM, lançou um apelo sub-regional para mobilizar mais ajuda da comunidade humanitária internacional para os afetados no Maláui, em Moçambique e no Zimbabué.

Mais de 120 corpos foram arrastados pelas águas do território zimbabueno para Moçambique e acabaram sendo enterrados por moradores locais. No Maláui, pelo menos quatro pontes foram destruídas pelas chuvas persistentes que começaram no início do mês.

Emergência

Em nota separada, o Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, disse que o impacto do ciclone Idai demonstra que é “claramente necessário desenvolver melhores instrumentos de conscientização e preparação para emergências”, com vista a reforçar a resiliência das comunidades locais.

Segundo a diretora regional da agência para África, Juliette Biao, o ciclone Idai lembra a necessidade de mais investimento urgente para reduzir o risco de desastres com base em ecossistemas e na mudança climática para reduzir o custo humano e financeiro.

Para a representante, fatores como a boa gestão ambiental e a mudança climática podem reduzir o custo humano e financeiro.

O Pnuma aponta que fatores como a boa gestão ambiental, a mudança climática e as respostas a desastres estão estreitamente interligados e exigem uma abordagem sistemática e abrangente para gerir o risco de desastres.

“Aquelas pessoas perderam tudo” com o ciclone Idai