Comunidade internacional continua a mobilizar ajuda para vítimas do ciclone Idai

Presidente da Assembleia Geral agradeceu organizações humanitárias pelos esforços de alívio em Moçambique, no Maláui e no Zimbábue; região continua com possibilidade de inundações que podem aumentar número de afetados; acompanhe aqui a cobertura especial.
Esta quinta-feira marca a primeira semana após a passagem do ciclone Idai por vastas áreas da África Austral, incluindo Moçambique, Maláui e Zimbábue.
O Escritório das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Ocha, revelou que em Moçambique já foram confirmadas 242 mortes, um número que deve aumentar. No Zimbábue, 139 pessoas perderam a vida e 189 estão desaparecidas. Já no Maláui, houve 56 mortes e 577 feridos e ainda é desconhecido o número de desaparecidos.
De acordo com a chefe do Escritório do Ocha para a África Austral e Oriental, Gemma Connell, a busca pelos sobreviventes é a prioridade. As operações de resgate ocorrem em contexto “muito difícil, havendo pessoas ainda presas em cima de árvores e casas”. O escritório elogiou os pilotos envolvidos no salvamento dessas pessoas.
A outra prioridade é distribuir os biscoitos do Programa Mundial de Alimentação, PMA. A nova meta é complementar esses alimentos com apoio mais abrangente.
Moçambique tem 96 locais de acolhimento com milhares de pessoas. A cidade da Beira ficou isolada devido às águas e aos danos causados às estradas.
O combustível para a aviação é limitado, a cidade ainda está sem energia e os cabos desligados. Os suprimentos estão a caminho das áreas com casas danificadas.
A logística para as operações internacionais de auxílio funciona durante 24 horas por dia e agora foi estabelecida comunicação que não pode se concentrar apenas na Beira.
A presidente da Assembleia Geral, María Fernanda Espinosa, reiterou a sua solidariedade com os afectados e agradeceu às organizações humanitárias “pelo trabalho incansável no terreno” para ajudar às vítimas.
Esta sexta-feira, terminam os três dias de luto decretados pelo governo moçambicano devido à situação de emergência no país que teve o maior número de vítimas. As autoridades nacionais disseram que estão a baixar os níveis de alguns rios no centro do país.
O primeiro helicóptero do Serviço Aéreo Humanitário da ONU, Unhas, opera desde a quarta-feira, equipado com um guincho essencial para a operação de resgate liderada pela Força Aérea Sul-Africana. Espera-se que um outro aparelho chegue ao território moçambicano para aumentar a capacidade de salvamento.
A província moçambicana de Sofala foi a mais atingida pela tempestade. Cerca de 660 mil pessoas foram atingidas. O Hospital Central da Beira, o segundo maior do país, foi danificado juntamente com outras 19 instalações de saúde da província que precisa agora de mais clínicas móveis para prestar serviços essenciais.
A Missão de Moçambique junto à ONU revelou que contas bancárias estão disponíveis para quem queira contribuir a partir do estrangeiro.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, de Portugal deve enviar €23.840 para Moçambique até domingo. A ideia é fornecer 200 mil pastilhas para purificar a água, 24 mil doses de vacinas contra o sarampo e 200 mil saquetas de reidratação oral.
A Agência da ONU para os Refugiados, Acnur, disse que apoia esforços de parceiros para transferir famílias e aumentar abrigos nos três países afetados, os quais alertou que estão lotados. Um apelo internacional foi lançado para aumentar fontes de alimentação, furos e latrinas que foram danificados.
Existe um risco de propagação de doenças fatais como a cólera. São necessárias centenas de tendas familiares, tanques de água, plástico para a construção e reparação de abrigos além de comprimidos e purificadores de água.
A agência enviou grupos ao terreno para avaliar as condições dos afetados, tanto os refugiados como comunidades anfitriãs.
Existe ainda a possibilidade de aumento de pessoas em risco com as chuvas contínuas e inundações. A prioridade imediata é a busca e o resgate dos que estão isolados.
O Fundo da ONU para a População, Unfpa, anunciou o envio de ajuda aos afetados com prioridade ao apoio a mulheres grávidas, lactantes, chefes de família, jovens e meninas em idade reprodutiva e vivendo com deficiências.