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Especialistas da ONU revelam constatações preliminares sobre morte de Jamal Khashoggi BR

Relatora especial sobre execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrarias, Agnes Callamard
Foto: ONU/Mark Garten
Relatora especial sobre execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrarias, Agnes Callamard

Especialistas da ONU revelam constatações preliminares sobre morte de Jamal Khashoggi

Direitos humanos

Conclusões preliminares de investigadores apontam “assassinato brutal e premeditado”; ação teria sido planejada e realizada por funcionários de Estado da Arábia Saudita; revelação do grupo marca primeira visita oficial à Turquia.

A investigadora de direitos humanos da ONU que lidera o inquérito internacional sobre o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi disse haver provas apontando para o caso de "um assassinato brutal e premeditado”.

Uma nota emitida esta quinta-feira, em Genebra, destaca ainda que esse ato teria sido “planejado e realizado por funcionários de Estado da Arábia Saudita”.

Inteligência

De acordo com a relatora especial sobre execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrarias *, Agnes Callamard, a equipe teve acesso a uma parte de "material de áudio impressionante e horrível" do assassinato, que foi obtido por agências de inteligência turcas.

Soundcloud

O perito forense português Duarte Nuno Vieira integra a equipe de investigadores, juntamente com a baronesa Helena Kennedy e o investigador de homicídios e crimes graves Paul Johnston. As investigações continuam após a primeira viagem oficial do grupo às cidades turcas de Ancara e Istambul entre 28 de janeiro e 3 de fevereiro.

Cidade de Istanbul, onde o jornalista foi visto pela última vez
Cidade de Istanbul, onde o jornalista foi visto pela última vez, by Simone D. McCourtie / Banco Mundial

De acordo com a nota, a Arábia Saudita também “minou seriamente” os esforços da Turquia para investigar o assassinato de Khashoggi no consulado saudita em Istambul.

Autoridades

Callamard declara que “foram dados tempo e acesso totalmente inadequados” aos investigadores turcos para realizarem um exame profissional e eficaz da cena do crime e uma busca que é exigida pelos padrões internacionais de investigação.

Falando sobre a semana de trabalho com sua equipe de três especialistas na Turquia, Callamard também disse ter pedido acesso à Arábia Saudita.

Ela expressou “grandes preocupações” em relação à imparcialidade do processo que envolve 11 pessoas que estão sendo julgadas pelas autoridades sauditas pelo assassinato de Khashoggi.

Informação

Callamard pretende apresentar um relatório final sobre o caso ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em junho.

Até esse momento, a relatora pretende “continuar considerando as provas nas próximas semanas e exorta a qualquer pessoa que tenha conhecimento ou informação sobre o que aconteceu antes e depois do assassinato de Khashoggi” para compartilhar com os investigadores.

Na Turquia, a equipe reuniu-se com os ministros turcos das Relações Exteriores e da Justiça, além do chefe da Inteligência, do procurador-chefe de Istambul e de uma série de partes interessadas, incluindo a sociedade civil e a mídia.