Especialistas da ONU revelam constatações preliminares sobre morte de Jamal Khashoggi
Conclusões preliminares de investigadores apontam “assassinato brutal e premeditado”; ação teria sido planejada e realizada por funcionários de Estado da Arábia Saudita; revelação do grupo marca primeira visita oficial à Turquia.
A investigadora de direitos humanos da ONU que lidera o inquérito internacional sobre o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi disse haver provas apontando para o caso de "um assassinato brutal e premeditado”.
Uma nota emitida esta quinta-feira, em Genebra, destaca ainda que esse ato teria sido “planejado e realizado por funcionários de Estado da Arábia Saudita”.
Inteligência
De acordo com a relatora especial sobre execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrarias *, Agnes Callamard, a equipe teve acesso a uma parte de "material de áudio impressionante e horrível" do assassinato, que foi obtido por agências de inteligência turcas.
O perito forense português Duarte Nuno Vieira integra a equipe de investigadores, juntamente com a baronesa Helena Kennedy e o investigador de homicídios e crimes graves Paul Johnston. As investigações continuam após a primeira viagem oficial do grupo às cidades turcas de Ancara e Istambul entre 28 de janeiro e 3 de fevereiro.
De acordo com a nota, a Arábia Saudita também “minou seriamente” os esforços da Turquia para investigar o assassinato de Khashoggi no consulado saudita em Istambul.
Autoridades
Callamard declara que “foram dados tempo e acesso totalmente inadequados” aos investigadores turcos para realizarem um exame profissional e eficaz da cena do crime e uma busca que é exigida pelos padrões internacionais de investigação.
Falando sobre a semana de trabalho com sua equipe de três especialistas na Turquia, Callamard também disse ter pedido acesso à Arábia Saudita.
Ela expressou “grandes preocupações” em relação à imparcialidade do processo que envolve 11 pessoas que estão sendo julgadas pelas autoridades sauditas pelo assassinato de Khashoggi.
Informação
Callamard pretende apresentar um relatório final sobre o caso ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em junho.
Até esse momento, a relatora pretende “continuar considerando as provas nas próximas semanas e exorta a qualquer pessoa que tenha conhecimento ou informação sobre o que aconteceu antes e depois do assassinato de Khashoggi” para compartilhar com os investigadores.
Na Turquia, a equipe reuniu-se com os ministros turcos das Relações Exteriores e da Justiça, além do chefe da Inteligência, do procurador-chefe de Istambul e de uma série de partes interessadas, incluindo a sociedade civil e a mídia.