Especialista da ONU quer investigação internacional sobre morte de jornalista saudita

Pedido é de relator especial da ONU sobre Liberdade de Expressão, David Kaye; Jamal Khashoggi foi visto pela última vez no consulado saudita em Istambul em 2 de outubro.
O relator especial da ONU sobre Liberdade de Expressão, David Kaye, pediu esta terça-feira a criação de um “organismo de investigação independente” sobre o “homicídio evidente” do jornalista saudita Jamal Khashoggi.
Em entrevista à ONU News, Kaye disse que ele e a relatora especial da ONU sobre execuções sumárias, Agnes Callamard, já pediram uma investigação internacional sobre o caso.
Kaye diz estar “muito desapontado” por esse pedido não ter tido resposta dos Estados-membros.
O relator pede que isso aconteça nos próximos dias, lembrando o Dia Internacional para Acabar com a Impunidade a Crimes Contra Jornalistas, marcado a 2 de novembro, e o contexto deste momento, em que “jornalistas estão sob ataque”.
O relator explica que esta investigação pode ocorrer de várias formas, seja através do Conselho de Segurança, do Conselho de Direitos Humanos ou do secretário-geral.
Segundo ele, o organismo de investigação deve ter cinco elementos, no máximo, e “pode avaliar a informação que as autoridades turcas têm estado a partilhar sub-repticiamente com a imprensa nas últimas semanas.”
O relator especial diz que os especialistas podem investigar potenciais testemunhas e entregar à comunidade internacional um relatório credível sobre o que aconteceu.
Kaye admite que esse trabalho “pode não responder a todas as questões, mas espera-se que identifique quem foi responsável, o que aconteceu exatamente e depois cabe à comunidade internacional decidir o que fazer com essa informação.”
Segundo o especialista, se essa investigação não acontecer, “vai gerar-se uma situação em que vai haver disputa constante sobre os factos.”
Na semana passada, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse estar “profundamente preocupado” com a confirmação da morte do jornalista.
Em nota, Guterres disse que é preciso uma “investigação rápida, completa e transparente sobre as circunstâncias da morte de Khashoggi, e a total responsabilização dos autores” desse ato.
Jamal Khashoggi foi visto pela última vez no consulado saudita em Istambul em 2 de outubro.
Segundo agências de notícias, as autoridades sauditas afirmam que o jornalista morreu na sequência de uma luta.