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ONU anuncia tendências na ajuda humanitária

Uma das tendências apontadas pelo Ocha são os ataques a escolas e hospitais.
Unicef/Anmar
Uma das tendências apontadas pelo Ocha são os ataques a escolas e hospitais.

ONU anuncia tendências na ajuda humanitária

Ajuda humanitária

Escritório das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Ocha, afirma que existem mais crises e que estas são mais prolongadas; número de situações adversas que recebem apoio internacional quase dobrou de 16 para 30.

As crises humanitárias estão aumentando em número e em duração. Entre 2005 e 2017, a duração média dessas situações com apelo de ajuda de várias instituições subiu de quatro para sete anos. O número de crises que recebe apoio internacional quase dobrou de 16 para 30.

As conclusões são do relatório Dados Humanitários Mundiais e Tendências 2018, publicado esta semana pelo Escritório das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Ocha.

O Iêmen é a pior crise humanitária do mundo, com 22 milhões de pessoas afetadas.
O Iêmen é a pior crise humanitária do mundo, com 22 milhões de pessoas afetadas., by PMA /Jonathan Dumont

Mudanças

A pesquisa destaca as principais tendências no tipo de situações adversas, causas e motivações. Também inclui estudos de caso sobre evolução de crises prolongadas, ataques a hospitais e escolas, relação entre água e conflitos e fortalecimento da ação local.

A maioria das pessoas, perto de 60%, recebe assistência por cinco anos ou mais. Desde 2015, aumentaram os apelos para este tipo de crises, que recebem agora 80% de todo o financiamento solicitado e recebido.

Segundo o Ocha, essas tendências “enfatizam a necessidade de uma colaboração mais estreita entre os atores humanitários e de desenvolvimento para diminuir a vulnerabilidade a longo prazo.”

Duração

As crises mais prolongadas têm consequências que afetam comunidades inteiras e colocam em risco os serviços básicos. O Direito Internacional Humanitário destaca a importância de escolas e hospitais para a população civil, especialmente para crianças, mas essas instalações continuam sendo atacadas durante os conflitos.

Segundo o Ocha, trabalhadores, instalações e transportes de saúde foram vítimas de mais de 700 ataques em 2017, e potencialmente muitos outros que não foram  reportados.

Os ataques concentram-se no Oriente Médio e na África. Com 252 casos, a Síria foi o país com mais incidentes, seguido dos Territórios Palestinos, com 93, e o Afeganistão, com 66.

No mesmo ano, as Nações Unidas verificaram 188 incidentes de uso militar de escolas, tanto por forças do governo quanto por grupos rebeldes.

Só na Síria, em maio de 2018, mais de 2 milhões de crianças entre cinco e 17 anos de idade estavam fora da escola. Mais de 180 mil funcionários da educação, incluindo professores, foram forçados a abandonar as escolas e as salas de aula.

Em 2018, a Síria registrou surtos de sarampo, leishmaniose, conhecida como lepra, e diarreia sanguinolenta aguda.
Para Unicef as crianças são aquelas que pagam o preço mais alto do conflito na Síria. , by Unicef/ Aaref Watad

Oportunidades

O Ocha explica que, devido às crises prolongadas, os parceiros humanitários estão trabalhando mais próximo das agências de desenvolvimento para resolver as causas da vulnerabilidade.

A agência da ONU diz que uma das soluções é o fortalecimento da ação local com recursos angariados para um país especifico, Cbpf, na sigla em inglês.

Em 2017, 1.288 projetos, implementados por 657 parceiros, foram financiados desta forma. Na República Democrática do Congo, a parcela de financiamento para ONGs nacionais aumentou de 21% em 2016 para 38% em 2017.

Para o Ocha, este tipo de financiamento “desempenha um papel valioso ao apoiar a localização da assistência humanitária e da prestação de ajuda, direcionando recursos para ONGs nacionais que possam ter mais familiaridade com as condições locais.”

A agência da ONU também diz que a inteligência artificial pode ser usada para seguir o deslocamento de pessoas. Para o Ocha, “o quadro global sobre o deslocamento interno está incompleto no momento.”

Nem todos os incidentes de deslocamento interno são relatados e apenas alguns podem ser verificados. Algumas novas ferramentas conseguem explorar grandes quantidades de dados e, usando algoritmos de processamento de informação, produzir em tempo real relatórios sobre tipo de deslocamento, localização e  número de pessoas envolvidas.

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