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Falta de fundos leva ONU a fechar programas humanitários no Iêmen  

Bebê de quatro meses do Iêmem que sofre de subnutrição
Ocha/Giles Clarke
Bebê de quatro meses do Iêmem que sofre de subnutrição

Falta de fundos leva ONU a fechar programas humanitários no Iêmen  

Ajuda humanitária

Maioria das campanhas de vacinação foi suspensa e distribuição de medicamentos foi interrompida; pelo menos 22 programas podem encerrar nos próximos dois meses se não houver financiamento; rações alimentares para 12 milhões de pessoas serão reduzidas e serviços essenciais cortados para milhões de crianças subnutridas.

A ONU anunciou na quarta-feira que está sendo forçada a fechar vários programas humanitários no Iêmen porque o dinheiro prometido pelos Estados-membros "não se materializou."

Em nota, a coordenadora humanitária no país, Lise Grande, disse que a organização e parceiros estão "desesperados pelos fundos que foram prometidos." Segundo ela, "quando o dinheiro não vem, as pessoas morrem."

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Promessas

Em uma conferência de doadores realizado em fevereiro, as Nações Unidas e os parceiros humanitários receberam promessas de US$ 2,6 bilhões para atender as necessidades urgentes de mais de 20 milhões de iemenitas. Até hoje, menos da metade desse valor foi recebido.

Dos 34 principais programas humanitários da ONU, apenas três têm financiamento para todo o ano. Vários fecharam nas últimas semanas e muitos projetos de larga escala, que pretendiam ajudar famílias desamparadas e subnutridas, não puderam começar.

Segundo o Escritório da ONU de Assistência Humanitária, Ocha, outros 22 programas serão encerrados nos próximos dois meses, a menos que o financiamento seja recebido.

Grande disse que todos se “envergonham da situação.” Ela afirmou que "é de partir o coração olhar nos olhos de uma família e dizer que não se tem dinheiro para ajudar."

Encerramentos

O Ocha informou que a ONU foi forçada a suspender a maioria das campanhas de vacinação do país em maio. A distribuição de medicamentos foi interrompida e milhares de profissionais de saúde não estão mais recebendo apoio financeiro.

Além disso, planos para construir 30 novos centros de nutrição foram abandonados e 14 casas seguras e quatro instalações de saúde mental especializadas para mulheres fecharam. Uma estação de tratamento de água para campos agrícolas fechou em junho.

Jovem em área bombardeada na cidade de Aden, no Iêmen
Jovem em área bombardeada na cidade de Aden, no Iêmen, by Pnud Iémen

A coordenadora humanitária lembrou que "milhões de pessoas, que não têm culpa de ser as vítimas deste conflito, dependem desta ajuda para sobreviver."

Se os fundos prometidos na conferência não forem recebidos nas próximas semanas, os alimentos para 12 milhões de pessoas serão reduzidas. Serviços essenciais para pelo menos 2,5 milhões de crianças subnutridas serão cortados.

Além disso, 19 milhões de pessoas perderão o acesso a cuidados de saúde, incluindo um milhão de mulheres que dependem da ONU para a saúde reprodutiva. Programas de água potável para cinco milhões de pessoas serão encerrados no final de outubro e dezenas de milhares de famílias deslocadas poderão ficar sem abrigo.

Resultados

Lise Grande afirmou que "esta é a maior operação humanitária no mundo" e que "quando recebe financiamento, faz uma enorme diferença."

A coordenadora disse, por exemplo, que o financiamento recebido permitiu "dobrar e, em algumas áreas, triplicar a quantidade de assistência oferecida". Em metade dos distritos onde as pessoas estavam em situação de fome, a situação melhorou de tal forma que essas famílias não enfrentam mais o risco de passar fome.

Iêmen: ONU fecha programas humanitários por falta de dinheiro