Mais de 8,5 milhões sofrem de fome severa no Iêmen, alerta coordenadora humanitária
Em entrevista à ONU News, da capital Sanaa, Lise Grande diz que muitas famílias passaram a semana inteira com apenas duas refeições; especialistas dizem que país pode atravessar novo surto de cólera.
O conflito no Iêmen e a série de ataques contra a infraestrutura de Hodeida, o principal porto do país, estão ameaçando centenas de milhares de crianças. O alerta foi feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef.
Leis básicas
Em entrevista à ONU News, de Sanaa, a capital iemenita, a coordenadora especial humanitária no Iêmen, Lise Grande, disse que a crise atual foi criada pela guerra.
A coordenadora conto que 8,5 milhões de pessoas estão sofrendo fome severa. A maioria pode comer apenas uma vez a cada dois dias. Muitas famílias fazem apenas duas refeições por semana.
Já a diretora-executiva do Unicef, Henrietta Fore, lembra que os ataques contra instalações civis são desumanos e inaceitáveis, além de configurarem um desrespeito às leis básicas de guerra.
Os ataques ao porto de Hodeida têm um efeito dramático sobre a população. Mais de 70% de toda a ajuda humanitária, bens comerciais e alimentos levados para o Iêmen têm que passar por ali.
Os ataques no Iêmen estão ocorrendo ainda contra estações de fornecimento de água, saneamento e higiene. Com isso, aumentam os casos de cólera e diarreia que ceifam a vida das crianças. Segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS, a situação se agrava desde a notificação do primeiro surto de cólera em abril do ano passado.
Rebeldes
No sábado, um centro de saneamento, apoiado pelo Unicef, foi atacado e o principal tanque danificado. Um dia depois, uma estação de abastecimento de água e a principal fonte para a cidade portuária e estratégica.
A ONU estima, que 22 milhões de iemenitas precisem de assistência após anos do conflito entre o governo e as forças da coalização, lideradas pela Arábia Saudita. O grupo combate os rebeldes houthis pelo controle do Iêmen.