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Chefe de Direitos Humanos da ONU pede ação imediata para acabar com sofrimento no Iêmen BR

Jovens na escola Aal Okab, na cidade de Saada, que foi destruída durante o conflito.
Ocha/Giles Clarke
Jovens na escola Aal Okab, na cidade de Saada, que foi destruída durante o conflito.

Chefe de Direitos Humanos da ONU pede ação imediata para acabar com sofrimento no Iêmen

Paz e segurança

Michelle Bachelet disse que “as violações cometidas por uma das partes no conflito não dão carta branca aos outros para que contra-ataquem a todo custo”; crise humanitária do Iêmen é considerada pela ONU a pior do mundo. 

A alta comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, expressou indignação com o “efeito inconcebível” que o aumento das hostilidades na cidade de Hodeida está tendo na população já “profundamente amedrontada e faminta” no Iêmen. 

A alta comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet
A alta comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, by Foto ONU/Manuel Elias

Bachellet disse que “a coalizão liderada pela Arábia Saudita, as forças houthis pró-Hadi, e aqueles que fornecem armas ou outros apoios às partes no conflito que têm o poder ou a influência para deter a fome e a morte de civis, para dar algum alívio para o povo do Iêmen .” A alta comissária pediu ações imediatas para acabar com o sofrimento das pessoas no país. 

Violações

A chefe de Direitos Humanos,  acrescentou que “as violações cometidas por uma das partes no conflito não dão carta branca aos outros para que contra-ataquem a todo custo.” A alta comissária disse ainda que “mesmo as guerras são regulamentadas por lei, e todas as partes envolvidas no conflito devem respeitar o direito internacional humanitário e a lei de direitos humanos, conforme aplicável.”

De acordo com informações recebidas pelo Escritório, pelo menos 110 ataques aéreos foram realizados em Hodeida, Saada e Sanaa entre 31 de outubro e 6 de novembro. Desde a última quinta-feira, aviões da coalizão estão sobrevoando em baixa altitude a cidade de Hodeida, as forças houthis estão disparando mísseis e morteiros antiaéreos e violentos confrontos estão ocorrendo nas ruas.

A OMS afirma que não consegue prestar assistência com atos de agressão e violência cada vez mais próximos dos hospitais de Hudaydah
A OMS afirma que não consegue prestar assistência com atos de agressão e violência cada vez mais próximos dos hospitais de Hudaydah, by Foto Unicef /UN0253576/Abdulhaleem

Pelo menos 23 civis foram mortos na região desde 24 de outubro, mas a expectativa é de que o número seja muito maior. Cerca de 445 mil pessoas foram deslocadas no país desde o início de junho.

Confrontos

O Escritório da ONU para Direitos Humanos destacou que há também sérias preocupações sobre o que aconteceu com 900 detidos no Presídio Central e outros seis centros de detenção de pré-julgamento na cidade de Hodeida. A Prisão Central foi atingida na manhã de segunda-feira por dois morteiros, ferindo cinco pessoas e cortando energia e água nas instalações. 

Confrontos armados também estão ocorrendo muito perto do hospital principal de Hodeida.

Michelle Bachelet fez uma apelo para “que todos os envolvidos ou com influência no conflito facilitem o acesso à ajuda humanitária, que o povo do Iêmen precisa desesperadamente.”

ONU preocupada com a piora da situação no Iêmen

Crise Humanitária

A alta comissária também lembrou aos “que as Convenções de Genebra estipulam que todos os Estados, incluindo aqueles que não estão envolvidos no conflito armado, têm a obrigação de tomar medidas para garantir o respeito às Convenções pelas partes em um conflito”. Bachellet acrescentou que “condicionando, limitando ou recusando transferências de armas” é uma medida que pode ser tomada.

O Iêmen é a pior crise humanitária do mundo, com 22 milhões de pessoas afetadas, que correspondem a 75% da população, dependendo de alguma forma de assistência e proteção humanitária.