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Unicef expõe mais detalhes do aumento da violência a crianças centro-africanas

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados, Acnur, estima que mais de 180 mil pessoas fugiram nos últimos meses para a vizinha RD Congo. Foto: Ocha/Gemma Cortes

Unicef expõe mais detalhes do aumento da violência a crianças centro-africanas

Casos recentes incluem morte de bebé e estupro de menina de nove anos; 40% de crianças sofrem de desnutrição crónica; 25% das meninas casam antes de completar 15 anos.

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, informou esta terça-feira que crianças enfrentam cada vez maiores níveis de violência em momento marcado pelo deslocamento em massa na República Centro-Africana.

Em relatório, a agência narra testemunhos de violência a bebés e crianças num momento em que dezenas de milhares de pessoas são obrigadas a deixar as suas casas. Desde maio, 60 mil centro-africanos pediram refúgio na República Democrática do Congo, RD Congo.

Jovens

Sem revelar o número exato das vítimas da violência, o Unicef destaca atrocidades cometidas contra jovens que incluem assassinatos, raptos e estupros. Outros milhares de crianças foram recrutados por grupos armados.

Falando a jornalistas, em Genebra, o porta-voz da agência, Christophe Boulierac, mencionou casos de “meninas de até nove anos estupradas por grupos armados” em Bria, no leste.

Um bebé estaria num grupo de cinco menores assassinados em Bangassou, no sudeste, que tentavam fugir para a vizinha RD Congo.

Insegurança

De acordo com o representante, as crianças são cada vez mais atingidas no país  e o número de vítimas deve ser muito maior que o dos exemplos apresentados. Ele destacou que os dados recebidos são limitados por causa de obstáculos no acesso humanitário em muitas áreas onde há insegurança.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados, Acnur, estima que mais de 180 mil pessoas fugiram nos últimos meses para a vizinha RD Congo.

Acesso

O Acnur considera “caótica e perigosa” a situação na área congolesa de Ndu, no norte. A agência enviou recentemente ajuda para 20 mil refugiados em áreas de difícil acesso devido à insegurança e às estradas intransitáveis.

Outro factor que agrava as condições no terreno é a falta de fundos. A agência recebeu menos de 10% dos  US$ 55 milhões que precisa para as ações deste ano no país.

Quatro em cada 10 crianças sofrem de desnutrição crónica e 25% das meninas casam antes de completar 15 anos na República Centro-Africana. O país ocupa o último lugar do Índice de Desenvolvimento Humano da ONU.