Guterres teme mais extremistas em África, após conflito centro-africano
Chefe da agência de refugiados quer mais do que restauração da calma e realização de eleições; Conselho de Segurança debateu proposta de aumento de tropas internacionais para cerca de 12 mil homens.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O alto comissário da ONU para Refugiados, António Guterres, disse que a “contínua brutalidade contra comunidades muçulmanas pode servir de pretexto para que forças terroristas se alastrem para o centro de África.”
No Conselho de Segurança, António Guterres, lembrou que tais elementos já estão presentes em outras partes do continente, após explicar que o conflito tem potencial para desestabilizar toda a região.
Proposta
O órgão reuniu-se, esta quinta-feira, para debater o relatório do Secretário-Geral sobre o país.
No documento, Ban Ki-moon pediu um aumento da presença internacional na República Centro-Africana para até 11,8 mil homens, incluindo soldados e polícias. O número corresponde a quase o dobro da Missão da União Africana de Apoio ao país, Misca.
A proposta foi defendida aos membros do Conselho pelo subsecretário para Operações de Manutenção da Paz. Hervé Ladsous explicou que tal iria abordar as lacunas de segurança para a população e facilitar a transição para uma Missão da ONU.
Divisão
No evento, Guterres reafirmou a sua preocupação com uma divisão da República Centro-Africana testemunhada por eventos que acompanhou na visita ao país em fevereiro.
O chefe do Acnur disse que as autoridades locais e o mundo devem reconhecer que reconstruir um Estado, que chamou de “desaparecido”, vai além da restauração da calma e da realização de eleições.
Acessos
Guterres disse ainda que os mais de 290 mil refugiados centro-africanos nos países vizinhos lidam com a falta de recursos e de infraestruturas.
Conforme referiu, agências humanitárias tentam chegar a áreas remotas antes do corte dos acessos durante a época chuvosa que se aproxima.
Única Opção
Na sessão do Conselho, também discursou a subsecretária-geral para a Assistência Humanitária. Valerie Amos chamou a atenção para os mais de 650 mil deslocados internos.
Destes, a capital centro-africana, Bangui, acolhe 232 mil. O destaque vai para as 70 mil pessoas concentradas no aeroporto principal. Amos disse ainda que milhares veem a fuga da República Centro-Africana como única opção.