Acnur fala da necessidade de transferir 200 mil refugiados em toda a UE
Alto Comissário diz que sistema atual é "desequilibrado e disfuncional" ao pedir medidas urgentes; recomendação é uma estratégia comum com base em responsabilidade, solidariedade e confiança.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Estimativas do Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, apontam para a necessidade de um aumento das oportunidades para acolher 200 mil pessoas na União Europeia, UE.
Esta sexta-feira, o chefe da agência disse que a avaliação é preliminar e que os refugiados devem ser admitidos como parte de "um programa de transferência em massa" com "participação obrigatória" de todos os países-membros do bloco.
Grécia
O alto comissário para Refugiados afirmou que o plano só pode funcionar com capacidades de receção adequadas, principalmente na Grécia. António Guterres destaca que a solidariedade não pode ser apenas da responsabilidade de poucos Estados-membros.
Na nota, o responsável destaca que a União Europeia prepara reuniões importantes de emergência para tomar decisões sobre a resposta à presente crise de refugiados e migração. Agências de notícias informaram que esta sexta-feira decorrem encontros entre líderes europeus.
Abordagem Fragmentada
Guterres sublinha que a situação exige um esforço comum em massa que não é possível com a atual abordagem "fragmentada ou que aumenta gradualmente", no continente que "enfrenta o seu maior fluxo de refugiados em décadas".
Mais de 300 mil pessoas atravessaram o mar Mediterrâneo este ano. Outras 2,6 mil não sobreviveram à perigosa travessia. A nota menciona como exemplo o pequeno sírio Aylan, de três anos, cuja foto circula no mundo.
Pressão
O chefe do Acnur defende que quando o sistema é "desequilibrado e disfuncional" tudo fica bloqueado quando a pressão aumenta. Para ele, os únicos que se beneficiam da falta de uma resposta comum no continente são contrabandistas e traficantes.
O alto comissário recomenda uma estratégia comum baseada na responsabilidade, solidariedade e confiança que consiste em tomar "medidas urgentes e corajosas para estabilizar a situação".
Em seguida, Guterres sugere que seja encontrada uma maneira de partilhar verdadeiramente a responsabilidade a médio e a longo prazo.
Acolhimento
O comunicado ressalta que a UE deve estar pronta com o consentimento de governos envolvidos com destaque para Grécia, a Hungria e a Itália.
A ideia é instalar locais de acolhimento de emergência imediatos e adequados, com capacidade de assistência e de registo.
O Acnur sugere nos casos em que for determinado que não têm necessidade de proteção internacional e nem podem beneficiar de oportunidades de migração legal, estes devem ser ajudados a regressar rapidamente aos países de origem. Para ele, esse retorno deve ser no pleno respeito pelos seus direitos humanos.
Fluxo em Massa
O alto comissário quer também que, além da resposta imediata, haja uma reflexão séria sobre o futuro. A nota sublinha que o fluxo em massa das pessoas não vai parar até que as causas da sua situação sejam abordadas.
Guterres sugere que muito mais seja feito para prevenir conflitos e pôr fim às guerras que deslocam as pessoas das suas casas.
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