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ONU celebra entrada em vigor da lei das domésticas no Brasil BR

ONU celebra entrada em vigor da lei das domésticas no Brasil

Organização Internacional do Trabalho ressalta que país começa a reconhecer a dignidade e o valor do trabalho doméstico; mudança deve beneficiar 6,5 milhões de empregadas.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York. 

A Organização Internacional do Trabalho, OIT, está saudando a entrada em vigor da Proposta de Emenda à Constituição, PEC, que beneficia as trabalhadoras domésticas do Brasil.

A agência da ONU ressalta que com 6,5 milhões de domésticas, o país tem agora a cobertura de uma lei que fornece direitos iguais a de outros trabalhadores.

Hora Extra

A OIT lembra que a emenda foi aprovada pelo Senado no mês passado e estabelece 16 direitos, incluindo a obrigação do pagamento de hora extra e jornada de trabalho diária máxima de oito horas.

Em entrevista à Rádio ONU, A diretora da OIT em Nova York, Telma Viale, elogiou a legislação brasileira.

“O que o Brasil está fazendo é muito importante. É um país grande, é um exemplo para a América Latina e está melhorando as condições de trabalho deste grupo, com proteção social. É uma contribuição muito importante na direção da condição social, que as Nações Unidas também estão procurando fomentar, dentro do âmbito do desenvolvimento sustentável, que o Brasil é líder nessa área.”

As mudanças entraram em vigor nesta quarta-feira, enquanto outros direitos ainda precisam ser regulamentados, como o pagamento de 8% para o FGTS.

Segundo a OIT, os sindicatos dos trabalhadores domésticos lutaram por reformas na lei durante anos. A agência destaca que as empregadas domésticas “são muitas vezes exploradas e sujeitas a abuso e violência”.

Dignidade

Para a diretora de Condições de Trabalho da OIT, Manuela Tomei, com a aprovação da lei, “surge no Brasil o processo de reconhecer a dignidade e o valor das domésticas, que em grande parte são mulheres negras.”

Tomei ressalta que a decisão do Senado é mais um passo para o fim da divisão entre os mais ricos e pobres da sociedade. Segundo a OIT, 17% de todos os trabalhos para mulheres no Brasil são no setor doméstico e a América Latina é uma das regiões onde mais cresce o número de empregadas.

Os países desenvolvidos têm cerca de 3,6 milhões de domésticas, enquanto a América Latina tem quase 20 milhões. A OIT afirma que apenas 10% das empregadas no mundo podem contar com o apoio de leis trabalhistas.