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OIT diz que mundo tem mais de 52 milhões de trabalhadores domésticos BR

OIT diz que mundo tem mais de 52 milhões de trabalhadores domésticos

Segundo relatório, milhões deles não estão protegidos por leis trabalhistas; Com o maior número de domésticas, Brasil é um dos que mais oferecem benefícios aos profissionais. 

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

O relatório “Trabalhadores Domésticos pelo Mundo”, preparado pela Organização Internacional do Trabalho, OIT, mostra que existem mais de 52 milhões de trabalhadores domésticos, a maioria mulheres, em todo o globo.

O Brasil, segundo o documento, lidera a lista com o maior número de profissionais desta categoria e está entre os países que mais oferecem benefícios no setor.

Sucesso

A OIT destacou a experiência brasileira, de incluir os trabalhadores domésticos no sistema da Previdência Social. O relatório menciona, por exemplo, a licença maternidade.

O setor cresceu muito no Brasil nos últimos anos. Passou de 5,1 milhões para 7,2 milhões empregados domésticos entre 1995 e 2009.  Cerca de 93% são mulheres. Mas ainda há desafios, segundo o depoimento desta empregada que não quis se identificar. Ela contou à Rádio ONU, do Rio de Janeiro, que por motivo de saúde, teve de trocar a posição de doméstica, todos os dias, para diarista três vezes por semana, na mesma casa.

“Conversei com ela para ir três vezes na semana. Assim podia fazer meu tratamento e ganhar meu dinheiro. Aí, o que acontece? Trabalhei uma semana quando chegou na outra, ela me disse que eu tinha problemas de saúde, e que aquele era o meu pagamento e que ia ser dispensada.”

Segundo a doméstica, ela recebeu o equivalente ao pagamento do décimo terceiro salário e as férias que estavam vencidas, mas nenhuma indenização pelos cinco anos em que trabalhou todos os dias, e qualquer dinheiro pelo fato de ter passado os últimos três anos trabalhando com diarista.

“Eles podiam ter entendido porque eles estão vendo que a empregada doméstica tem os seus direitos. Mas como ela falou que o genro era juiz e o filho advogado, então quem sou eu, uma empregada doméstica?”

Salário

A OIT afirmou ainda que o salário mínimo é uma ferramenta eficaz para proteger os trabalhadores domésticos.

Segundo o relatório, o governo brasileiro adotou uma política de aumento do salário mínimo. Entre 2003 e 2011, a alta chegou a 55%.  O documento diz ainda que o Brasil criou leis que proíbem os patrões de descontarem moradia ou alimentação do salário dos empregados domésticos.

Ainda como ponto positivo, a OIT mostra que a legislação brasileira proibe a demissão de empregadas domésticas sem justa causa desde o momento em que elas anunciam uma gravidez até cinco meses depois do nascimento do bebê.

Proteção

O documento mostrou que apenas 10% dos empregados domésticos estão protegidos pelas leis trabalhistas e 30% estão completamente excluídos.

A maioria trabalha mais horas por semana do que o permitido por lei e quase a mesma quantidade, não tem direito a descanso semanal ou férias. Pouco mais da metade dos domésticos recebe salário mínimo. De acordo com o estudo, Portugal, por exemplo, só implemetou o mínimo para as domésticas em 2004.

Segundo o relatório, os empregados que vivem na casa dos patrões estão mais vulneráveis à exploração.

Geral

Logo depois do Brasil, que tem 7,2 milhões de empregados domésticos, ficou a Índia, com 4,2 milhões de trabalhadores registrados oficialmente. A OIT reconhece que esse número pode ser bem maior porque muitos empregados não têm qualquer tipo de registro.

Ainda na lista dos países com maior número de trabalhadores domésticos estão a Indonésia com 2,4 milhões, o México com 1,8 milhão e os Estados Unidos com 667 mil para uma população de mais de 350 milhões.