Riscos climáticos devem afetar biomassa de peixes em nível global
Relatório da FAO mostra declínios de mais de 10% até meados do século para várias regiões; estudo publicado na sessão do Comitê de Pesca que acontece em Roma inclui nações de língua portuguesa em suas previsões até 2100.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, alerta sobre o impacto de riscos climáticos para a contagem de peixes que podem ser explorados em todos os oceanos do mundo.
Nesta quarta-feira, a agência localizada em Roma publicou o relatório “Riscos de mudanças climáticas para ecossistemas marinhos e pescarias: Projeções até 2100 do Projeto de Intercomparação de Modelos de Ecossistemas Marinhos e Pesca”.
Cenários de emissões
O estudo revela que até o final do século, sob o cenário de altas emissões prevendo um aquecimento global na faixa entre 3 °C e 4 °C, a queda agrava para 30% ou mais em 48 países e territórios.
Em contraste, sob o cenário de baixas emissões prevendo uma alta global na faixa de 1,5 °C a 2 °C, as mudanças se consolidam entre nenhuma alteração e uma redução de 10% ou menos em 178 países e territórios até o final do século.
![Análise envolveu pesquisadores atuando com a agência para entender os impactos de longo prazo das mudanças climáticas nos ecossistemas marinhos e nas pescas Análise envolveu pesquisadores atuando com a agência para entender os impactos de longo prazo das mudanças climáticas nos ecossistemas marinhos e nas pescas](https://global.unitednations.entermediadb.net/assets/mediadb/services/module/asset/downloads/preset/Libraries/Production%20Library/05-06-2024-UNEP-Dugong.jpg/image1024x768.jpg)
Na Europa, Portugal está entre os países que terão um dos maiores declínios de biomassa de peixes.
No Brasil, as disparidades nos níveis de peixes em áreas como norte e sul podem vir a ser equilibradas e contrabalançar os declínios.
Angola
A África concentra mais de 40% das embarcações não motorizadas do mundo e o emprego na indústria pesqueira tem crescido de forma constante. A expectativa é que em toda a região seja observada uma queda na biomassa de peixes exploráveis, exceto no norte do continente e em torno de algumas ilhas do sudeste e sudoeste.
Entre as razões para o problema estão a taxa de crescimento populacional nas áreas mais povoadas e a alta dependência das comunidades costeiras de mercados domésticos, o que se traduz em riscos potenciais para a segurança alimentar.
Em cenário de baixas emissões, as perdas para muitos países e territórios ao redor do continente serão reduzidas. Mas Angola destaca-se pelas antevisões até o final do século apontando para perdas em torno de 39% sob o cenário de altas emissões.
![FAO espera que produção global na aquicultura e pesca tenha atingido um novo recorde FAO espera que produção global na aquicultura e pesca tenha atingido um novo recorde](https://global.unitednations.entermediadb.net/assets/mediadb/services/module/asset/downloads/preset/assets/2016/06/24605/image1024x768.jpg)
Ainda em cenário de altas emissões, as projeções globais de biomassa de peixes exploráveis mostram declínios de mais de 10% até meados do século para muitas regiões do mundo.
Impactos de longo prazo das mudanças climáticas nos ecossistemas
As quedas mais acentuadas serão observadas em grandes produtores de peixes e pioram no final do século sob o cenário de altas emissões. Um dos exemplos é a percentagem de 37,3% projetada para as Zonas Econômicas Exclusivas do Peru e 30,9% para o caso da China. Mas as previsões se estabilizam sob baixas emissões.
A FAO destaca que a análise envolveu pesquisadores atuando com a agência para entender os impactos de longo prazo das mudanças climáticas nos ecossistemas marinhos e nas pescas por meio de modelos numéricos de última geração.
O Projeto de Intercomparação de Modelos de Ecossistemas Marinhos e Pesca é uma rede internacional lançada na 36ª. Sessão do Comitê de Pesca, que acontece nesta semana na sede da agência.
O documento é publicado na sequência do relatório Estado Mundial da Pesca e Aquicultura, Sofia, no qual a FAO antecipa que a produção global nesses setores atinja um novo recorde de 223,2 milhões de toneladas em 2022.