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“A Minusma está saindo do Mali, mas a ONU fica”

As forças de manutenção da paz da ONU visitam uma parte remota do norte do Mali e prestam assistência médica gratuita a comunidades isoladas.
MINUSMA/Gema Cortes
As forças de manutenção da paz da ONU visitam uma parte remota do norte do Mali e prestam assistência médica gratuita a comunidades isoladas.

“A Minusma está saindo do Mali, mas a ONU fica”

Paz e segurança

Representante especial do secretário-geral, El-Ghassim Wane, atualiza Conselho de Segurança sobre a retirada da missão de paz do país africano; transição envolve grande desafio logístico em meio a graves riscos de segurança.

A Missão das Nações Unidas no Mali, Minusma, já reduziu em 25% sua presença geográfica no país africano. A informação foi transmitida ao Conselho de Segurança nesta segunda-feira pelo representante especial do secretário-geral para o Mali, El-Ghassim Wane.

A operação de retirada envolve a repatriação de 12.947 boinas-azuis, a realocação de uma carga de 5,5 mil containers de equipamentos da ONU e quase 4 mil veículos. A transição também envolve o fechamento e entrega de 12 campos e uma base operacional para as autoridades civis malianas. 

Prazo de seis meses

Wane afirmou que “encerrar em seis meses uma missão construída ao longo de uma década é uma tarefa ambiciosa e complexa.”

O fim do mandato da Minusma foi aprovado em junho a pedido das autoridades de transição malianas. A retirada deve terminar em 31 de dezembro de 2023.

Dentre os desafios, o representante especial ressaltou as restrições causadas pela geografia, pelo clima, pela logística e pela infraestrutura, às quais se adicionam “graves riscos associados com a situação de segurança prevalecente.”

Em entrevista para a ONU News, ele afirmou que até o momento, houve alguns incidentes de segurança, mas “nenhuma perda de vidas ou ferimentos graves.”

Soldados de paz servindo na Missão da ONU no Mali numa patrulha de longa distância entre Gao e Ansongo (arquivo)
Minusma/Fred Fath
Soldados de paz servindo na Missão da ONU no Mali numa patrulha de longa distância entre Gao e Ansongo (arquivo)

Compromisso com a população

Para a população do país, o representante especial afirmou que “a Minusma está saindo, mas as Nações Unidas ficam”, com suas agências e projetos voltados para apoiar os malianos e para acompanhar a estabilização do país. 

Na entrevista, ele também explicou que a Minusma tem um mandato residual até o fim de setembro para facilitar a prestação de assistência humanitária. Segundo Wane, “a missão está atuando na proteção de pistas de pouso e decolagem de aviões” para apoiar a entrega de ajuda por agências do setor humanitário. 

Ao Conselho de Segurança, ele explicou que a primeira fase da retirada começou em 17 de julho, com o fechamento de postos avançados menores e distantes e na redução da presença geográfica em 25%. Esta etapa foi concluída em 25 de agosto. 

Negociações

Além disso, Wane informou que “estão em curso negociações para finalizar um Acordo-Quadro abrangente que definirá as obrigações das duas partes, em conformidade com os instrumentos e políticas relevantes das Nações Unidas.”

Ele enfatizou que trabalha para garantir “que a retirada ocorra a tempo, tal como estipulado pela resolução do Conselho de Segurança acordada com o governo maliano.”

Até fevereiro deste ano a Minusma contava com mais de 17 mil integrantes. Criada em 2013, a missão tinha como foco tarefas relacionadas à segurança em apoio à estabilização do país, após o conflito entre tropas do governo e movimentos armados em 2012.