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Chefe da ONU condena ataque que matou dois boinas-azuis no norte do Mali

Patrulhas das forças de paz da ONU no Mali
Minusma/Harandane Dicko
Patrulhas das forças de paz da ONU no Mali

Chefe da ONU condena ataque que matou dois boinas-azuis no norte do Mali

Paz e segurança

Em nota, porta-voz de António Guterres ressalta que mortes podem constituir crimes de guerra; quatro soldados de paz ficaram feridos; vítimas fatais são um homem e uma mulher, militares da Nigéria.

O secretário-geral das Nações Unidas condenou fortemente um ataque contra dois soldados de paz da Missão de Estabilização da ONU no Mali, Minusma.

Os dois, um homem e uma mulher, foram mortos enquanto realizavam uma patrulha policial em Timbuktu, no norte do país africano.

Direito internacional

Ambos os boinas-azuis eram da Nigéria. No mesmo ataque, foram feridos mais quatro integrantes da força de paz.

Em nota, divulgada pelo seu porta-voz, António Guterres, enviou condolências profundas às famílias das vítimas, assim como ao povo e ao governo da Nigéria. Ele estendeu sua solidariedade ao Mali e ressaltou que ataques às forças de paz da ONU podem ser vistos como crime de guerra pelo direito internacional.

Guterres pediu às autoridades do Mali que investiguem o crime hediondo levando os autores dos assassinatos à justiça. Ele também desejou pronta recuperação aos feridos.

No mesmo dia, o Conselho de Segurança emitiu uma declaração condenando o ataque e prestando tributo a todos os soldados de paz da ONU que arriscam suas vidas.

Resoluções e segurança das tropas

Os 15 países-membros do Conselho pediram ao governo de transição do Mali que investiguem, com rapidez, o ataque promovendo prestação de contas, que leve os autores à justiça.

Os embaixadores do Conselho de Segurança pediram às autoridades malianas que mantenham os países, que contribuem com tropas para a força de paz, informados do progresso com base nas resoluções do órgão na área de segurança dos boinas-azuis, além de prestação de contas para qualquer tipo de violência aos militares da Minusma.

O Conselho lembrou que qualquer envolvimento em planejamento, patrocínio ou realização de ataques contra os integrantes da força de paz no Mali, configuram razões para imposição de sanções.

A ONU ressalta que a responsabilidade de garantir a segurança dos trabalhadores da organização recai sobre o país anfitrião, por isso é fundamental que haja comunicação entre a Missão das Nações Unidas, Minusma, e o governo de transição do Mali.

Terrorismo transnacional

A declaração destaca que é preciso responsabilizar os patrocinadores dos atos de terrorismo e para isso todos os Estados devem combater o crime com base na Carta da ONU e no direito internacional.

O Conselho de Segurança reiterou seu apoio completo à Minusma e a outras presenças de segurança na região do Sahel, e expressou preocupação com a situação no país, além da dimensão transnacional do terrorismo na região.

Eles pediam a todos os envolvidos no Mali que implementem o Acordo de Paz e Reconciliação sem mais demoras. E disse que atos hediondos como o ataque da sexta-feira não irão minar o apoio da ONU à paz e ao processo de reconciliação.

Grupo de Amigos

Um dia antes do ataque, na quinta-feira, as Nações Unidas lançaram uma iniciativa para melhorar a segurança dos boinas-azuis.

O Grupo de Amigos para Promover Prestação de contas em Crimes contra Forças de Paz contou com a presença do subsecretário-geral para operações de paz, Jean-Pierre Lacroix.

Ele disse que o Mali é um dos três países que concentram 84% das mortes e ferimentos de boinas-azuis desde 2013.