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Coordenador da ONU pede fim da violência entre israelenses e palestinos

Crianças ficam em uma casa demolida em Beit Sira, um vilarejo palestino no centro da Cisjordânia
Ocha
Crianças ficam em uma casa demolida em Beit Sira, um vilarejo palestino no centro da Cisjordânia

Coordenador da ONU pede fim da violência entre israelenses e palestinos

Paz e segurança

Em reunião do Conselho de Segurança, coordenador especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, disse que agressores de ambos os lados têm de prestar contas; ele expressou preocupação com aumento de ataques israelenses e uso de armas mais sofisticadas por palestinos.

Uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas voltou a analisar a situação nos Territórios Palestinos, nesta terça-feira.

O coordenador especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, informou que o aumento “alarmante” da violência na parte central e norte da Cisjordânia causou diversas mortes, tanto de israelenses como de palestinos.~

Coordenador especial para o Processo de Paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, informa os membros do Conselho de Segurança sobre a situação na região
ONU/Manuel Elias
Coordenador especial para o Processo de Paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, informa os membros do Conselho de Segurança sobre a situação na região

Armas mais sofisticadas

Wennesland disse que “a violência deve parar e todos os responsáveis devem prestar contas” por suas ações.

Ele ressaltou que as operações militares de Israel utilizaram ataques aéreos e que os militantes palestinos têm empregado armas cada vez mais sofisticadas, incluindo explosivos improvisados e foguetes. 

Tor Wennesland afirma ainda que “os níveis extremamente altos de violência por parte de colonos israelenses continuaram e se intensificaram”. 

Segundo o coordenador, muitos colonos andam armados, “atacando sistematicamente aldeias palestinas, aterrorizando comunidades, às vezes nas proximidades e/ou com o apoio das forças de segurança israelenses.”

Agressão mútua

Dentre os principais episódios de agressão mútua, Wennesland mencionou a operação militar das forças israelenses no campo de refugiados de Jenin, em19 de junho. Na ocasião, os soldados israelenses foram atacados com explosivos e revidaram com uma ofensiva de helicóptero, a primeira em quase 20 anos. 

Oito militares israelenses foram feridos. Do lado palestino, sete pessoas morreram e 90 ficaram feridas. 

No dia 20 de junho, dois palestinos mataram quatro civis israelenses e deixaram outros quatro feridos num posto de gasolina perto do acampamento Eli, ao norte de Ramallah. Os agressores foram mortos logo em seguida. 

De 20 a 25 de junho, colonos israelenses perpetraram 28 ataques violentos contra aldeias palestinas no Norte e no Centro da Cisjordânia ocupada. Um palestino morreu e outros 54 ficaram feridos.

 Na Cisjordânia, as pessoas foram forçadas a fugir de suas casas.
Ocha
Na Cisjordânia, as pessoas foram forçadas a fugir de suas casas.

“Terrorismo nacionalista”

Wennesland disse que, em 24 de junho, o chefe do gabinete das Forças de Defesa de Israel, o chefe da Agência de Segurança de Israel e o comissário da polícia emitiram uma declaração conjunta condenando os ataques dos colonos.

A nota chama os episódios de “terrorismo nacionalista” e promete tomar medidas para combatê-los. 

Segundo o coordenador especial, dentre as medidas estão aumentar a presença de forças de segurança, intensificar as prisões e ampliar o uso da detenção administrativa contra indivíduos participantes de tais ataques.

Impedindo uma trajetória desastrosa

Por outro lado, Wennesland lamentou os discursos “inflamados” em ambos os lados. Ele lembrou que um ministro israelense recentemente incitou à destruição de construções palestinas e o estabelecimento de assentamentos ilegais.

Além disso, facções palestinas comemoraram o ataque de 20 de junho contra civis israelenses como um “ato de heroísmo” e pediram novas ofensivas. 

O coordenador especial ressaltou que nos últimos dias e semanas, a ONU manteve contato próximo com todas as partes “para ajudar a restaurar uma relativa calma e mudar a atual trajetória desastrosa”.