Relatores pedem a Israel que assegure imunização de palestinos contra Covid-19 BR

Grupo elogiou país por ser o único a imunizar o maior número de cidadãos até agora; mas especialistas estão preocupados com vacinação para os moradores dos territórios palestinos de Gaza e Cisjordânia.
Relatores de direitos humanos* da ONU pediram a Israel que se responsabilize pela vacinação contra a Covid-19 dos palestinos que vivem em Gaza e na Cisjordânia.
Em comunicado, o grupo afirmou que o programa de vacinação israelense é impressionante sendo o único que conseguiu imunizar o maior número de cidadãos até o momento.
Mas de acordo com os relatores, enquanto os palestinos que vivem em Jerusalém Oriental estão recebendo a vacina, Israel precisaria assegurar que os moradores dos territórios de Gaza e Cisjordânia também terão acesso às doses contra a Covid-19.
A pandemia tem assolado os territórios palestinos nos últimos meses afetando o sistema de saúde, que já era carente e subfinanciado.
Os especialistas da ONU disseram estar preocupados com a situação da deterioração da saúde em Gaza, que enfrenta um bloqueio de 13 anos, faltas sérias de eletricidade e de água e uma pobreza endêmica além de desemprego.
No comunicado, o grupo afirma que as vacinas encomendadas, separadamente, pela Autoridade Palestina podem levar várias semanas para chegar à Cisjordânia e à Gaza. Com isso, mais de 4,5 milhões de palestinos ficaram descobertos e expostos à doença.
Já os israelenses que vivem perto incluindo os colonos serão vacinados. Para os relatores, essas diferenças no meio da pior crise global de saúde do século são inaceitáveis moral e legalmente.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, informou que mais de 160 mil palestinos em Gaza e na Cisjordânia obtiveram resultado positivo no exame de Covid-19 desde o início da pandemia em março passado. Mais de 1,7 mil pessoas morreram. O número de casos e mortes tem subido nas últimas semanas.
Para os relatores como poder de ocupação, Israel tem a obrigação com base na Quarta Convenção de Genebra de manter os serviços de saúde da área.
Já o artigo 56 requere que Israel adote e aplique as medidas profiláticas de combate e disseminação de doenças contagiosas em cooperação com autoridades locais uma vez que o direito à saúde é um direito fundamental.
Os relatores de direitos humanos dizem que segundo alguns comentaristas israelenses, o tratamento diferenciado tem como base o Acordo Interino Israelense-Palestino de 1995, que é parte integral dos Acordos de Paz de Oslo.
Neles, as autoridades palestinas são responsáveis por imunizações.
Esses mesmos comentaristas lembram que durante a Guerra do Golfo, em 1991, a Suprema Corte de Israel ordenou a distribuição de máscaras de gás para todos os palestinos explicando que o comandante militar de Israel não poderia discriminar entre os residentes.
No comunicado, os especialistas pedem à Autoridade Palestina que cooperem com Israel na implementação de um programa de vacina contra a Covid-19.
As autoridades de saúde de Israel já instruíram todos os prisioneiros sob custódia no país a serem vacinados com prioridade por causa do risco de infecção entre os detentos.
*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário por sua atuação.