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Três anos seguidos de La Niña prolongam secas e inundações

La Niña continuará afetando os padrões de temperatura e precipitação e exacerbando secas e inundações em diferentes partes do mundo
Cifor/Olivier Girard
La Niña continuará afetando os padrões de temperatura e precipitação e exacerbando secas e inundações em diferentes partes do mundo

Três anos seguidos de La Niña prolongam secas e inundações

Clima e Meio Ambiente

Organização Meteorológica Mundial destaca que fenômeno natural ocorre num contexto de mudança climática causada pela ação humana; seca mais longa e severa da história recente no Chifre da África preocupa comunidade internacional.

Pela primeira vez neste século, o fenômeno La Niña durará três invernos consecutivos. A informação foi divulgada pela Organização Meteorológica Mundial, OMM.

O La Niña é normalmente associado a um clima mais frio do que o normal em todo o mundo, e deve durar até fevereiro ou março de 2023, final do inverno no Hemisfério Norte.

Secas e inundações

Segundo a OMM, o La Niña continuará afetando os padrões de temperatura e precipitação e exacerbando secas e inundações em diferentes partes do mundo. Ele é responsável pelo agravamento da seca no Chifre da África e pelas chuvas de monção mais intensas e prolongadas no Sudeste Asiático.

De acordo com os dados da agência, o fenômeno causa um resfriamento de parte das águas superficiais do Pacífico, influenciando o ciclo de precipitação e o clima de certas regiões do planeta. O La Niña geralmente tem efeitos opostos no clima aos do El Niño.

A OMM destaca que esse fenômeno natural ocorre em um contexto de mudança climática causada pela ação humana, o que aumenta as temperaturas globais, tornando nosso clima mais extremo e afetando os padrões sazonais de precipitação.

Além disso, o Pacífico tropical está sob influência do La Niña, com curtas interrupções, desde setembro de 2020, mas isso teve apenas um efeito de resfriamento limitado nas temperaturas globais.

Uma tempestade de raios vista de Istria, na Croácia. Aquecimento global agrava ainda mais a frequência e a intensidade de eventos climáticos extremos
OMM/Boris Baran
Uma tempestade de raios vista de Istria, na Croácia. Aquecimento global agrava ainda mais a frequência e a intensidade de eventos climáticos extremos

Águas mais quentes e mares mais cheios

O secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, disse que tudo indica que os últimos oito anos sejam os mais quentes já registrados, com uma aceleração do aumento do nível do mar e do aquecimento dos oceanos.

Segundo ele, a continuidade do La Niña prolonga as condições de seca e inundação nas regiões afetadas. Taalas informou que a comunidade internacional está particularmente preocupada com a atual catástrofe humanitária para milhões de pessoas no Chifre da África, causada pela seca mais longa e severa da história recente.

Um alerta de várias agências sobre o Chifre da África sinaliza que uma quinta temporada consecutiva de seca foi desencadeada por um período fraco de chuvas de outubro a dezembro. Chuvas abaixo da média também são prováveis ​​durante a estação de março a maio de 2023.

A seca na região somali da Etiópia está atingindo fortemente a população
Unicef/Raphael Pouget
A seca na região somali da Etiópia está atingindo fortemente a população

Patagônia e Austrália

Mais de 20 milhões de pessoas já sofrem de insegurança alimentar severa em países como Quênia, Somália e Etiópia. Partes da Somália, por exemplo, correm o risco de registrar uma onda de fome até o final do ano.

De acordo com a OMM, as condições climáticas também foram mais secas do que o normal este ano na Patagônia, América do Sul e sudoeste da América do Norte. Assim como no leste da África.

Enquanto no sul da África, norte da América do Sul, no continente marítimo e no leste da Austrália foi mais úmido do que o normal.

Chuvas de monção mais intensas e mais longas no sudeste asiático estão associadas ao La Niña. O Paquistão, por exemplo, experimentou chuvas arrasadoras em julho e agosto.