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Guterres pede compromissos para segurança de Zaporizhzhia BR

Secretário-geral da ONU em reunião do Conselho de Segurança sobre Manutenção da Paz e Segurança da Ucrânia
UN Photo/Eskinder Debebe
Secretário-geral da ONU em reunião do Conselho de Segurança sobre Manutenção da Paz e Segurança da Ucrânia

Guterres pede compromissos para segurança de Zaporizhzhia

Paz e segurança

Secretário-geral propõe medidas para fim da ação e retirada militar da maior central nuclear da Europa, destacando a urgência de um acordo entre os russos e ucranianos nesse sentido; chefe da Aiea disse que no cenário atual as partes “brincam com o fogo e algo pode acontecer”.

Os países-membros do Conselho de Segurança debateram, esta terça-feira, a situação dentro e ao redor da Usina Nuclear de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia.

O secretário-geral António Guterres discursou na sessão, em que participou também o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea. Rafael Mariano Grossi  contou o que viu no local onde esteve com outros 13 especialistas de apoio e segurança na semana passada.

A usina nuclear de Zaporizhzhia é considerada a maior da Europa
Ⓒ Aiea
A usina nuclear de Zaporizhzhia é considerada a maior da Europa

Bombardeios

O líder das Nações Unidas disse que o cenário na maior usina nuclear da Europa continua levantando grave preocupação, com relatos de bombardeios recentes.

Guterres enfatizou que qualquer dano, intencional ou não, à usina de Zaporizhzhia, ou a qualquer outra instalação nuclear na Ucrânia, pode significar uma catástrofe, não apenas para a área ao redor, mas para a região e além. Para evitar que isso ocorra, o secretário-geral pede aos envolvidos no conflito que tomem todas as medidas “com bom senso e cooperação”.

O chefe da ONU considera  inaceitável “qualquer ato que possa colocar em risco a integridade física, a segurança ou a proteção da usina nuclear”. É crucial para o líder da ONU que haja “esforços para restabelecer a usina como infraestrutura puramente civil”.

Em caráter urgente, Guterres assinalou medidas concretas para garantir a segurança da área e ajudar a ultrapassar o problema.

Para o secretário-geral, o primeiro passo é que as forças russas e ucranianas se comprometam a não se envolver em nenhuma atividade militar em direção à usina ou a partir do local. Ele ressaltou que as instalações de Zaporizhzhia e seus arredores não devem ser um alvo ou uma plataforma para operações militares.

Nas últimas semanas, bombardeios perto de Zaporizhzhia soaram o alarme de riscos atômicos no local
Unsplash/Yehor Milohrodskyi
Nas últimas semanas, bombardeios perto de Zaporizhzhia soaram o alarme de riscos atômicos no local

Passos

Como segundo passo, António Guterres pediu a garantia de um acordo sobre um perímetro desmilitarizado. Como explicou, na base dessa medida, as forças russas se comprometeriam em retirar todo o pessoal e equipamentos militares daquele perímetro e as forças ucranianas também não entrariam nele.

O líder das Nações Unidas disse que os operadores da usina devem cumprir suas responsabilidades e que as comunicações devem ser mantidas.

O chefe da ONU elogiou a coragem na missão liderada pelo chefe da Aiea, bem como a cooperação das partes envolvias.

Em discurso por vídeo conferência, Rafael Mariano Grossi disse que se “está brincando com o fogo e algo pode acontecer”.

Ele mencionou ainda a tensão que marcou os dias da avaliação da semana passada em território ucraniano, depois de negociações que duraram seis meses.

Conselho de Segurança debate situação em Zaporizhzhia
UN Photo/Manuel Elias
Conselho de Segurança debate situação em Zaporizhzhia

Perímetro das instalações

Grossi falou de sete pilares de segurança, nos quais a prioridade vai para a criação de uma área de proteção de segurança restrita ao perímetro das instalações. Ele pediu que a usina tenha todos os sistemas operando de imediato, sem obstáculos e de forma completamente funcional.

Neste momento, ele disse que as circunstâncias são desafiadoras, com veículos militares nas proximidades ou dentro de Zaporizhzhia.

Ele pediu que estes equipamentos no interior sejam removidos para não interferir nas atividades de segurança e sistemas operativos. Em relação à equipe em operação, declarou que deve ser capaz de trabalhar sem qualquer pressão ou em difíceis circunstâncias desde a ocupação do local em março passado.

Grossi se encontrou com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Kyiv, durante a Missão de Apoio e Assistência da agência a Zaporizhzhia
Serviço de Imprensa Presidencial Ucraniano
Grossi se encontrou com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Kyiv, durante a Missão de Apoio e Assistência da agência a Zaporizhzhia

Atividade militar

O relatório pede ainda que os profissionais retornem para assumir suas responsabilidades.

Outra questão é que o fornecimento de energia do exterior seja restabelecido para não afetar o funcionamento da usina de Zaporizhzhia e o fim de qualquer atividade militar.

Ele chamou a atenção das partes em relação à entrega de logística que “não pode ser interrompida”, aos níveis de radiação que precisam ser monitorados e à comunicação com reguladores ucranianos que deve continuar.

O chefe da Aiea pediu ainda que se permita que os inspetores, que foram instalados na semana passada, atuem de forma permanente no local.