Chefe da agência atômica da ONU defende presença permanente em Zaporizhzhia, na Ucrânia
Missão da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, deve conduzir trabalho técnico nas instalações, sob comando russo desde o início do conflito; bombardeios ameaçam a segurança da maior usina nuclear da Europa; negociação para envio de equipe levou cerca de seis meses.
Um grupo de especialistas em energia atômica da ONU chegou à Zaporizhzhia, na Ucrânia, nesta quarta-feira, para conduzir um trabalho de avaliação na usina nuclear da cidade. O anúncio foi feito em entrevista concedida pelo diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea.
Rafael Mariano Grossi declarou que este é um dia muito importante para a missão. Após seis meses de trabalho de negociação, a agência pode enviar funcionários para avaliação do estado da instalação, que vem sofrendo com bombardeios.
Missão prolongada
O chefe da agência nuclear afirmou que há muito trabalho técnico a ser feito em Zaporizhzhia. Ele explica que é necessário avaliar a situação, verificar o funcionamento dos sistemas de segurança e conversar com a equipe.
Grossi lembrou que a situação é bastante complicada, já que a usina está sob controle de tropas russas desde o início do conflito na região. A operação segue sendo executada por funcionários ucranianos.
A expectativa do chefe da agência nuclear é que a Aiea tenha “presença permanente” ou prolongada na instalação. Grossi afirmou que trabalhará com as equipes no terreno para esse fim e que o entendimento da ONU é que a instalação é ucraniana.
Nesta visita, ele afirma que a equipe da Aiea ficar “alguns dias”, sem especificar a duração da missão. Ele adicionou que a base legal da estadia no local é o acordo com a Ucrânia.
Desmilitarização de Zaporizhzhia
Questionado se a desmilitarização da Zaporizhzhia seria possível, o chefe da Aiea avalia que dependerá de "vontade política” dos países envolvidos no conflito, “especialmente a Federação Russa”, que tem suas tropas no local. No entanto, ele reforçou que o papel da presença da agência na instalação é técnica e tem o objetivo de evitar um acidente nuclear na maior usina nuclear da Europa.
Rafael Grossi lidera pessoalmente a missão na Zaporizhzhia, que contou com 13 especialistas. Segundo ele, os peritos da Aiea avaliarão os danos como uma questão de prioridade e verificarão se os sistemas de segurança continuam funcionando.
Na terça-feira, em uma coletiva de imprensa em Nova Iorque, o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric disse que a missão da Aiea deve cruzar a linha de frente do conflito com equipamento especial. Ele acrescentou que a ONU presta assistência aos inspetores da Aiea com logística e segurança. Os detalhes não foram apresentados, mas Dujarric afirmou que as partes que controlam o território onde a missão ocorrerá também devem ser responsáveis por sua segurança.
Ao chegar no país, nesta terça-feira, o chefe da Aiea se reuniu com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.