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Expectativa de vida saudável sobe em 10 anos na África BR

Número de anos que um indivíduo na África está em bom estado de saúde aumentou de 46 para 56 anos no período estudado
OMS África
Número de anos que um indivíduo na África está em bom estado de saúde aumentou de 46 para 56 anos no período estudado

Expectativa de vida saudável sobe em 10 anos na África

Saúde

Segundo OMS, expectativa subiu de 46 para 56 anos entre 2000 e 2019; aumento é maior que qualquer outra região do mundo no mesmo período; outros fatores, incluindo impactos da pandemia de Covid-19, podem ameaçar progresso.

A expectativa de vida saudável na região africana aumentou em média 10 anos por pessoa entre 2000 e 2019, segundo novo relatório da Organização Mundial da Saúde, OMS.

Este aumento é maior do que em qualquer outra região do mundo durante o mesmo período. O estudo também observa que o impacto da pandemia de Covid-19 pode ameaçar esses ganhos.

Desde 1995, a África do Sul fez progressos substanciais na transformação de seu setor de saúde, disponibilizando serviços de saúde primários a milhões de pessoas que anteriormente tinham acesso negado
© Unicef/Karin Schermbrucker
Desde 1995, a África do Sul fez progressos substanciais na transformação de seu setor de saúde, disponibilizando serviços de saúde primários a milhões de pessoas que anteriormente tinham acesso negado

Vida saudável

O relatório Acompanhamento da Cobertura Universal de Saúde na Região Africana da OMS mostra que a esperança de vida saudável, ou seja, o número de anos que um indivíduo está em bom estado de saúde, aumentou de 46 para 56 anos no período estudado.

Embora ainda esteja muito abaixo a média global, que é de 64, nas quase duas décadas que foram avaliadas, a expectativa de vida saudável global aumentou apenas cinco anos.

Na avaliação da OMS, melhorias na prestação de serviços essenciais de saúde, ganhos em saúde reprodutiva, materna, neonatal e infantil, bem como progresso na luta contra doenças infecciosas ajudou a aumentar a expectativa de vida saudável.

A agência destaca a rápida expansão das medidas de controle de HIV, tuberculose e malária a partir de 2005. Em média, a cobertura de serviços essenciais de saúde melhorou para 46% em 2019, em comparação com 24% em 2000.

As conquistas mais significativas foram na prevenção e tratamento de doenças infecciosas, mas isso foi compensado pelo aumento da hipertensão, diabetes e outras doenças não transmissíveis, assim como a falta de serviços de saúde voltados para essas doenças.

Enfermeira em hospital que trata pacientes com Covid-19 na África do Sul
Foto: IMF Photo/James Oatway
Enfermeira em hospital que trata pacientes com Covid-19 na África do Sul

Riscos para o progresso

A diretora regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti, afirmou que o aumento da expectativa é prova do esforço da região para melhorar a saúde e o bem-estar da população.

Ela adiciona que o progresso não deve parar e afirma que os países devem seguir melhorando medidas contra o câncer e outras doenças não transmissíveis para que esses ganhos não sejam comprometidos.

Outro alerta do relatório é que o progresso na expectativa de vida saudável também pode ser prejudicado pelo impacto da pandemia de Covid-19, a menos que planos robustos de recuperação sejam instituídos.

Em média, os países africanos relataram maiores interrupções nos serviços essenciais em comparação com outras regiões. Mais de 90% dos 36 países que responderam a uma pesquisa da OMS em 2021 relataram uma ou mais interrupções nos serviços essenciais de saúde.

O calendário de imunização, tratamentos e prevenção para doenças tropicais negligenciadas e serviços de nutrição foram os que sofreram mais impactos.

Uma mãe leva seu bebê de seis meses para um exame de saúde em uma clínica em Chipata, Zâmbia
© Unicef/Karin Schermbrucker
Uma mãe leva seu bebê de seis meses para um exame de saúde em uma clínica em Chipata, Zâmbia

Financiamento de saúde

Segundo a OMS, a maioria dos governos na África financia menos de 50% de seus orçamentos nacionais de saúde, resultando em grandes lacunas. Apenas Argélia, Botswana, Cabo Verde, Eswatini, Gabão, Seychelles e África do Sul financiam mais de 50% dos seus orçamentos nacionais de saúde.

Matshidiso Moeti afirma que a crise sanitária mostrou como investir em saúde é fundamental para a segurança de um país.

Para ela, quanto melhor a África puder lidar com pandemias e outras ameaças à saúde, mais os povos e economias poderão se desenvolver. Assim, ela fez um apelo aos governos para que invistam na saúde pública e se preparem para enfrentar desafios futuros.

Os gastos com saúde na região são um outro fator de atenção. Segundo a OMS, os gastos são considerados não catastróficos quando as famílias gastam menos de 10% de sua renda em gastos com saúde, independentemente do seu nível de pobreza. Nos últimos 20 anos, os gastos diretos estagnaram ou aumentaram em 15 países.

Bebê é testado para malária em um vilarejo no Chade, na África
© Unicef/Frank Dejongh
Bebê é testado para malária em um vilarejo no Chade, na África

Renda e saúde

O relatório da OMS também analisou a expectativa de vida saudável e as diferenças de cobertura de serviços de saúde ao longo do nível de renda do país e localização geográfica.

Os países de renda alta e média-alta tendem a ter melhor cobertura de serviços de saúde e maior expectativa de vida saudável ao nascer do que os países de baixa renda, com cerca de 10 anos adicionais de expectativa de vida saudável.

O relatório recomenda que os países acelerem os esforços para melhorar a proteção contra riscos financeiros, repensar e reativar a prestação de serviços de saúde com foco na incorporação de serviços de saúde não transmissíveis como parte dos serviços essenciais de saúde, envolvendo comunidades e engajando o setor privado.

Também recomenda a implementação de sistemas subnacionais de monitoramento de sistemas para que os países sejam mais capazes de capturar os primeiros sinais de alerta para ameaças à saúde e falhas do sistema.