África tem 91 milhões de pessoas vivendo com Hepatite B e C
Neste 28 de julho, Organização Mundial da Saúde marca Dia Mundial de Combate à Hepatite; em 19 países, mais de 8% da população tem a doença; em 2020, 125 mil pessoas morreram na África, que concentra 26% de todos os casos globais de ambos os tipos.
A hepatite é conhecida como uma epidemia silenciosa. Os números de infecção e mortes são alarmantes. É preciso fazer mais para impedir que a doença continue roubando o futuro das crianças.
O alerta é da diretora-regional para África da Organização Mundial da Saúde, Matshidiso Moeti neste Dia Mundial de Combate à Hepatite. O tema de 2022 é “Trazendo o Cuidado com a Hepatite para mais Perto de Você”.
Câncer, cirrose e casos globais
A agência da ONU divulgou o Boletim 2021 da Hepatite Viral com foco nas estatísticas da região africana sobre hepatite B e C. Ambos os tipos causaram cirrose, câncer do fígado e outras formas de câncer.
Em 19 países, mais de 8% da população tem hepatite B. O estudo revela ainda que em 18 nações, mais de 1% dos habitantes vivem com a hepatite C.
Em 2020, a região africana concentrou 26% de todos os casos globais de ambos os tipos da doença com 125 mil mortes.
A OMS afirma que cerca de sete em cada 10 infecções por hepatite B ocorrem na África.
Crianças abaixo de cinco anos contaminadas com o tipo viral B
E a pessoa contaminada pode levar décadas com o vírus até a infecção se manifestar por sintomas.
Por isso, é preocupante que 4,5 milhões de crianças abaixo de cinco antes estejam contaminadas com o tipo B da hepatite na África.

Atualmente, em 33 países com prevalência de hepatite B têm mais de 1% de crianças infectadas abaixo de cinco anos, uma pequena melhora dos números de 2019, quando havia 40 países nessa situação.
A OMS lembra que existe uma vacina segura e eficaz que oferece 100% de proteção contra a hepatite do tipo B, que é uma das cepas mais mortais do vírus. A agência quer que todas as crianças africanas sejam vacinadas até 24 horas após o parto com a primeira dose.
Seringas reutilizadas e falta de segurança na doação de sangue
O boletim da OMS revela que a cobertura para imunização infantil de rotina contra a hepatite B é de 72% na África, bem abaixo da meta global de 90% necessária para eliminar a ameaça do vírus.
A hepatite pode se espalhar por fluídos do corpo, o que preocupa com a insegurança de estoques de sangue. Na África, apenas 80% das doações de sangue são realizadas com segurança e qualidade, e 5% das seringas são reutilizadas.
A meta global de distribuição de seringas para os usuários de drogas injetáveis é de 200 por ano, na África, eles recebem apenas seis.

Diagnósticos e tratamento em níveis alarmantes
Os níveis de tratamento e diagnóstico são muito baixos. No ano passado, apenas 2% das pessoas infectadas com hepatite B foram diagnosticadas e 0.1% tratadas. Para a hepatite C, a detecção é de 5% com 0% tratados.
Moeti afirma que para mudar essa maré, os serviços de hepatite precisam sair de clínicas especializadas e passarem a postos de saúde, onde a maioria dos africanos se trata, sendo também descentralizado.
Para ela, é preciso fazer mais com treinamento de trabalhadores de saúde na testagem. Apesar dos remédios terem ficado mais baratos, ainda poucas pessoas fazem uso dessas vantagens.
Neste Dia Mundial de Combate à Hepatite, a OMS pede ação nos países para melhorar o acesso aos serviços, prevenção, diagnose e tratar todas as variantes do vírus.

Recomendações da OMS para os países
A hepatite continua sendo uma ameaça de saúde pública relevante na África. O progresso de 2019 ao ano passado foi prejudicado por falta de ações importantes nos países.
Para mudar esse quadro, a OMS recomenda um aumento de financiamento doméstico na eliminação da tuberculose, do HIV, hepatite e infecções sexualmente transmissíveis.
A criação de uma plataforma para a entrega integrada de ações incluindo iniciativas de saúde materno-infantil, reprodutiva, cuidados com adolescentes e vacinação.
E por fim, mais investimentos na informação e ações de vigilância.