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Índice do Preço dos Alimentos tem alta recorde em fevereiro BR

Vendedor ambulante vende frituras em sua barraca em Jacarta, na Indonésia. Queda dos preços foi puxada pelos óleos vegetais
© Unicef/Arimacs Wilander
Vendedor ambulante vende frituras em sua barraca em Jacarta, na Indonésia. Queda dos preços foi puxada pelos óleos vegetais

Índice do Preço dos Alimentos tem alta recorde em fevereiro

Desenvolvimento econômico

Óleos vegetais e derivados do leite puxaram o aumento; previsões indicam perspectivas fortes para milho e trigo nos próximos meses; já preço do açúcar caiu 1,9% com melhor performance de grandes produtores como Índia, Tailândia e Brasil.

O preço dos alimentos aumentou, no mês passado, batendo todos os recordes. A informação é da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, que divulga o Índice do Preço dos Alimentos para o mundo.

A alta foi puxada pelos óleos vegetais e derivados do leite.

Preço dos derivados do leite aumentou 6,4% em fevereiro se comparado a janeiro
FAO/Alessia Pierdomenico
Preço dos derivados do leite aumentou 6,4% em fevereiro se comparado a janeiro

Girassol

A subida foi de 3,9% em fevereiro com a marca de 140,7 pontos. São 24,1% acima do nível do ano anterior, e 3,1 pontos a mais que em fevereiro de 2011.

O Índice mapeia as mudanças de mês a mês dos preços internacionais dos alimentos básicos.

O óleo vegetal subiu 8,5% em comparação a janeiro. A alta foi provocada pelos preços do óleo de palma, soja e do óleo de girassol. Mas o aumento mais acentuado nessa categoria foi a demanda global por importação, que coincidiu com alguns fatores laterais de oferta incluindo a queda da exportação do óleo de palma da Indonésia, que é o maior exportador global, as baixas previsões para a soja da América do Sul e as preocupações com a redução da exportação do óleo de girassol por interrupções na região do Mar Negro.

Leite e cereais

Já o preço dos derivados do leite aumentou 6,4% em fevereiro se comparado a janeiro. Neste caso, o fornecimento mais baixo que o esperado do produto na Europa Ocidental e na Oceania, assim como a demanda de importação no norte da Ásia e do Oriente Médio, foram apontados como motivo.

O índice de cereais da FAO está 3% mais caro que em janeiro puxado pelo aumento nos grãos duros, com os valores internacionais do milho subindo 5,1% devido a uma combinação de fatores como as condições das plantações na América do Sul, incertezas sobre as exportações da Ucrânia, além de uma alta no preço de exportação do trigo. O produto está 2,1% mais caro devido à incerteza do fornecimento global de portos do Mar Negro.

Um agricultor em um campo de arroz no Chade. Arroz está 1,1% mais caro
© PMA/Evelyn Fey
Um agricultor em um campo de arroz no Chade. Arroz está 1,1% mais caro

Ásia e arroz

Outra alta foi a do arroz, que está 1,1% mais caro por causa da forte demanda por arroz perfumado do leste da Ásia e da valorização das moedas de alguns países exportadores frente ao dólar americano.

Quem consome carne também notou uma diferença para cima no preço, de 1,1%, em comparação a janeiro com cotações da carne bovina alcançando um novo recorde entre a forte demanda global, ofertas restritas do gado para abate no Brasil e à alta demanda para reconstrução dos rebanhos na Austrália.

Enquanto os preços da carne suína subiram, os da bovina e de aves diminuíram, em parte devido, respectivamente, aos altos suprimentos exportáveis na Oceania e à redução das importações pela China após o fim do Festival da Primavera.

Brasil

Já o açúcar caiu 1,9% por causa das perspectivas de produção em grandes produtores mundiais como Índia e Tailândia, assim como melhorias das condições no Brasil.

Segundo a FAO, as preocupações com as condições das plantações e exportações são apenas uma parte da razão do aumento global do preço dos alimentos.

Um impulso ainda maior para a inflação do preço da comida vem da produção de alimentos especialmente energia, fertilizantes e ração dos animais. Com a alta desses produtos, muitos agricultores podem desistir de produzir.

Homem carrega cana de açúcar. Brasil é maior exportador mundial.
FAO/Paballo Thekiso
Homem carrega cana de açúcar. Brasil é maior exportador mundial.

Boa notícia

A boa notícia é a expectativa no aumento da produção de trigo e milho este ano.

No Boletim sobre Oferta e Procura de Cereal, a FAO espera a produção global de trigo aumentar para 790 milhões de toneladas com aumento nos campos e uma expansão das plantações na América do Norte e na Ásia levando a cabo uma pequena redução na União Europeia, além dos impactos adversos da seca em alguns países norte-africanos.

Em breve, será tempo de colheita no Hemisfério Sul com a produção do Brasil devendo alcançar um recorde. Argentina e África do Sul também aguardam níveis mais altos que o normal.

Ucrânia

A previsão global para a produção de cereal no ano passado é agora de 2,796 milhões de toneladas, um aumento de 0,7% em relação a 2019.

A FAO elevou a previsão do comércio mundial de cereais para 484 milhões de toneladas, uma alta de 0.9% dos níveis de 2020 e 2021. Mas esta previsão não está levando em conta os impactos possíveis da crise na Ucrânia.

A agência da ONU, no entanto, alerta para alguns problemas em países considerado vulneráveis.

Nas 47 nações de déficit alimentar de baixa renda, Lifdcs na sigla em inglês, a queda na produção dos grãos deve chegar a 5,2% entre 2021 e 2022, se comparado ao biênio anterior por causa de conflitos e de eventos climáticos extremos.

E a FAO lembra que a ofensiva à Ucrânia terá um forte impacto na produção global de cereais, o que quase não foi sentido na medição de fevereiro. A agência irá emitir atualizações sempre que necessário.