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2022 começa com alta do preço global dos alimentos BR

Preço dos derivados do leite aumentou 6,4% em fevereiro se comparado a janeiro
FAO/Alessia Pierdomenico
Preço dos derivados do leite aumentou 6,4% em fevereiro se comparado a janeiro

2022 começa com alta do preço global dos alimentos

Desenvolvimento econômico

Índice da FAO subiu em janeiro, acelerado pelas restrições de oferta de óleos vegetais, sendo que commoditie ficou 4,2% mais alta em relação à dezembro; índice de preço do açúcar desceu 3,1%, graças à produção favorável na Índia e baixa do preço do etanol no Brasil.  

Os preços das principais commodities alimentares subiram em janeiro, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO. O Índice Global de Preço dos Alimentos atingiu 135.7 pontos no mês passado, 1,1% maior do que os números de dezembro. 

Todos os meses, a agência da ONU avalia os preços dos principais produtos alimentares comercializados internacionalmente. A alta de janeiro foi influenciada em grande parte pelo valor dos óleos vegetais, que atingiram um pico de alta de 4,2%. 

Óleos de palma e de soja  

Produção de azeite na Itália.
Foto: ©FAO/ Riccardo De Luca
Produção de azeite na Itália.

Segundo a FAO, a cotação dos principais óleos subiu, em especial do óleo bruto. Por sua vez, o preço do óleo de palma foi sustentado por preocupações de uma possível redução na disponibilidade da Indonésia, que é o principal exportador deste tipo de óleo.  

A FAO destaca ainda que os preços do óleo de soja foram influenciados pelo aumento das importações, especialmente da Índia, enquanto a cotação do óleo de semente de girassol foi impactada pelo aumento da demanda global de importação.  

O diretor da Divisão de Mercados e Comércio da FAO, Boubaker Ben-Belhassen, declarou que “a redução da disponibilidade de exportações, a diminuição da força de trabalho e o clima desfavorável empurraram os preços dos óleos vegetais para a maior alta de sempre”. Segundo o especialista, existe a preocupação de que esses impactos não se desapareçam de forma rápida.  

Leite e manteiga  

Criador de gado no Equador.
Foto: © Alvaro Ramon
Criador de gado no Equador.

O Índice de Preço do Leite e Derivados subiu 2,4% em janeiro, sendo as maiores altas registradas no leite em pó desnatado e na manteiga. A menor disponibilidade para exportações na Europa Ocidental e produções de leite abaixo do esperado na Oceania contribuíram para que o mercado global dos laticíneos ficasse mais competitivo.  

A FAO divulgou também que o Índice de Preço dos Cereais registrou uma leve alta de 0,1% no mês passado, na comparação com dezembro. As exportações de milho subiram 3,8%, devido a preocupações com o clima seco na América do Sul.  

Outra commoditie avaliada mensalmente pela agência da ONU é a carne, que teve aumento de preço em janeiro, principalmente porque o valor global da carne bovina atingiu um pico, com a demanda de importação ultrapassando o volume disponível para exportação. Por outro lado, as carnes de porco e de ovino tiveram leve redução de preços, já que o total disponível para exportação foi maior do que a demanda de importação.  

Brasil  

Mulher prepara milho para ser vendido em mercado em Ruanda.
Foto: © WFP/Emily Fredenberg
Mulher prepara milho para ser vendido em mercado em Ruanda.

A FAO também revelou que a única commoditie onde houve redução nos valores de comercialização global foi o açúcar, com o índice apresentando queda de 3,1%.  

As expectativas de produção de açúcar na Índia e na Tailândia, que são grandes exportadores, foram bastante favoráveis e a melhoria das condições de chuva e a queda do preço do etanol no Brasil também influenciaram o índice.  

A agência da ONU divulgou ainda suas projeções sobre a produção mundial de cereais, que em 2021, deverá ter sido de 2,7 bilhões de toneladas, um aumento de 0,8% em relação a 2020. 

Para o ano de 2022, a FAO acredita que haverá uma expansão nas plantações de trigo, devido às condições favoráveis do clima no Hemisfério Norte. Já a produção de milho deverá ser robusta, com a alta dos preços indicando colheitas recorde na Argentina e no Brasil.