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Novo acordo nuclear com Irã precisa de “mais esforços e paciência”, diz ONU BR

A subsecretária-geral pediu aos Estados Unidos que suspendam ou flexibilizem as sanções contra o Irã
ONU/Loey Felipe
A subsecretária-geral pediu aos Estados Unidos que suspendam ou flexibilizem as sanções contra o Irã

Novo acordo nuclear com Irã precisa de “mais esforços e paciência”, diz ONU

Paz e segurança

Subsecretária-geral Rosemary DiCarlo falou a embaixadores do Conselho de Segurança sobre os últimos desdobramentos do Plano de Ação Conjunto e Abrangente, Jcpoa na sigla em inglês, que estabelece regras para o programa nuclear iraniano.

Continuam em Viena, capital da Áustria, as negociações da comunidade internacional com o Irã sobre o programa nuclear do país.

O Plano de Ação Conjunto e Abrangente, ou Jcpoa na sigla em inglês, foi assinado, em 2015, pelo Irã com os cinco membros permanentes* do Conselho de Segurança mais Alemanha e União Europeia.

Plano de Ação Conjunto e Abrangente foi assinado, em 2015, pelo Irã com os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança mais Alemanha e União Europeia
ONU News / Kim Haughton
Plano de Ação Conjunto e Abrangente foi assinado, em 2015, pelo Irã com os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança mais Alemanha e União Europeia

União Europeia e Alemanha

Mas em 2018, os Estados Unidos se retiraram do acordo sob a liderança do então presidente Donald Trump.

Agências de notícias informam que o Irã exige a suspensão de sanções impostas ao país para avançar com um retorno ao acordo.

Para a subsecretária-geral da ONU de Política e Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo, tanto o Irã como os Estados Unidos reafirmaram sua seriedade com o tema para retornar à completa implementação do plano.

Instalação nuclear de Busher, no Irã
Aiea/Paolo Contri
Instalação nuclear de Busher, no Irã

Pedra angular

DiCarlo lembra que é preciso redobrar os esforços e a paciência neste momento de conversações.

Falando ao Conselho de Segurança na terça-feira, ela contou que o secretário-geral da ONU, António Guterres, está animado com as promessas iranianas e americanas de cooperação para que esses compromissos possam resultar num acordo aceitável mutuamente.

A subsecretária-geral e ex-embaixadora dos Estados Unidos lembra que o Plano de Ação é reconhecido amplamente como uma pedra angular da não-proliferação nuclear. Para ela, a iniciativa é ainda um exemplo do que o diálogo e a diplomacia podem alcançar.

O Jcpoa foi endossado por uma resolução do Conselho de Segurança, a 2231 e tem como fiador a Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea. Pelo acordo, a agência da ONU teria acesso regular às instalações nucleares do Irã, por meio de seus especialistas e inspetores.

Rosemary DiCarlo ressaltou que não existe outra alternativa viável para a completa implementação do Plano de Ação e da resolução.

Teerã, capital do Irã
Unsplash/Sajad Nori
Teerã, capital do Irã

Troca

A subsecretária-geral pediu aos Estados Unidos que suspendam ou flexibilizem as sanções contra o Irã, como previsto no Plano, e também estendam essas medidas ao comércio de petróleo no país. DiCarlo citou ainda algumas atividades nucleares civis na usina nuclear de Bushehr, no reator Arak e na instalação Fordow.

A suspensão de sanções também deve incluir, segundo a subsecretária-geral, a transferência de urânio enriquecido para o exterior pelo Irã em troca de urânio natural.

A Aiea indicou que a pesquisa e o desenvolvimento da produção de urânio metálico continuam no país, mas a agência não conseguiu verificar alegações de que os estoques de urânio enriquecido excedem os limites permitidos pelo Plano de Ação.

Para a Aiea, as atividades de verificação e acompanhamento estão sendo “seriamente minadas” pelo Irã, que não permite a entrada de inspetores.

 

*Os cinco países com assentos permanentes no Conselho de Segurança são: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia.