ONU reitera compromisso com afegãos e pede construção de nova realidade BR

No Conselho de Segurança, representante especial do secretário-geral para o Afeganistão, Deborah Lyons, afirmou que a continuidade do engajamento internacional e o compromisso com o povo podem ajudar a obter melhores resultado.
A representante especial do secretário-geral e chefe da Missão de Assistência da ONU no Afeganistão, Unama, disse que permitir a entrada de doações no país é uma necessidade urgente.
Deborah Lyons falou aos membros do Conselho de Segurança na quinta-feira.
Atualmente, as remessas foram congeladas em tentativa de evitar o acesso pelo Talibã. Mas, a dificuldade em receber ajuda financeira pode causar uma grave recessão econômica e levar ainda mais afegãos à pobreza e à fome.
De acordo com Lyons, em diálogos, os líderes do Talibã reconhecem a necessidade de assistência internacional. A entrada de ajuda pode ser uma forma de influenciar as ações do novo governo. Assim, ela acredita que ainda é possível conduzir essa nova realidade em uma direção mais positiva.
Citando relatos de violência, repressão das liberdades das mulheres e outras violações dos direitos humanos pelas novas autoridades, ela acrescentou que a ONU também terá que avaliar formas de conversar com membros de alto nível do governo liderado pelo Talibã.
Isso inclui o primeiro-ministro, dois vice-primeiros-ministros e o ministro dos Relações Exteriores, todos na lista de sanções das Nações Unidas.
A representante também reforçou que a falta de mulheres e outras minorias no novo governo afegão deixou a comunidade internacional fortemente desapontada.
Ainda que o novo governo tenha se comprometido a assegurar o direito das mulheres, relatos apontam que afegãs estão proibidas de trabalhar e saírem em público desacompanhadas.
Para as jovens, o acesso à educação vem ficando mais limitado.
O Conselho de Segurança ouviu também o apelo da ativista e Prêmio Nobel, Malala Yousafzai.
Malala, que sobreviveu a um atentado, relatou aos delegados como era a vida de mulheres e meninas no Paquistão com o domínio talibã.
Descrevendo sua experiência, a ativista contou ter fugido de tiros e explosões na rua.
Malala relatou que a sua infância foi marcada por torturas públicas, escolas que deixaram de receber meninas e a proibição de mulheres em centros comerciais.
"Esta é uma história que muitas meninas afegãs podem viver se não agirmos", alertou a ativista.