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Agências humanitárias atuam em áreas como Mueda, Montepuez, Negomano e Quitunda e Mocímboa da Praia

Emergência em Moçambique preocupa agências humanitárias  BR

FAO/Telcinia Nhantumbo
Agências humanitárias atuam em áreas como Mueda, Montepuez, Negomano e Quitunda e Mocímboa da Praia

Emergência em Moçambique preocupa agências humanitárias 

Ajuda humanitária

Mais 30 mil pessoas fugiram da violência na cidade de Palma, em Cabo Delgado; Acnur assiste centenas de crianças desacompanhadas, traumatizadas e exaustas; Mulheres e crianças são 75% da população deslocada nos mais recentes ataques. 

O acesso humanitário devido à escalada da violência causada pelo terrorismo no norte de Moçambique tem preocupado as agências de auxílio que operam em Cabo Delgado, no norte do país africano de língua portuguesa. 

Um encontro com jornalistas, esta sexta-feira, em Genebra, mencionou questões de atendimento a deslocados na província, como segurança, isolamento, abusos de direitos humanos e falta de acesso a serviços essenciais.  

Palma 

Cerca de 30 mil pessoas já fugiram da violência à cidade de Palma e os números continuam a subir após o ataque de 24 de março. A Agência da ONU para os Refugiados, Acnur,  realça que a situação de deslocados, incluindo mulheres e crianças, preocupa profundamente na sequência dos confrontos na área costeira. 

Centro de acolhimento temporário em Pemba, Moçambique
Unicef/UN0308863/De Wet
Centro de acolhimento temporário em Pemba, Moçambique

 

Dezenas de pessoas perderam a vida e milhares fugiram a pé, por estrada e por mar. O destino é tanto para dentro ou fora do país. Muitos mais ainda estariam isolados na província rica em petróleo e gás.   

Os que escaparam, enfrentaram grandes barreiras na busca de segurança. Pelo menos 13 locais são verificados pela Organização Internacional para Migrações, OIM, na capital provincial Pemba. 

O Acnur também atua na maior cidade da provícia e ainda em Mueda, Montepuez, Negomano e Quitunda. Nessas áreas são frequentes os casos de centenas de crianças chegando sem suas famílias, traumatizadas e exaustas.  

Famílias 

Os deslocados chegam geralmente sem os bens e com problemas de saúde, incluindo lesões e desnutrição grave. O auxílio humanitário inclui reunir famílias e apoio à saúde mental, psicossocial e material. 

Já a OIM realça que 75% da população deslocada são mulheres e crianças. No fim da visita de uma semana a Cabo Delgado, o diretor de Emergências da agência, Jeff Labovitz, realçou que os pedidos de fundos para operações críticas não foram atendidos. 

Casa  

Em 2021, a OIM precisa quase US$ 22 milhões para cobrir necessidades imediatas no norte de Moçambique. Há uma semana foram liberados US$ 1,2 milhão para os esforços de socorro. 

Para vários deslocados retornar para casa está fora de questão. A agência elogiou o governo pela identificação de terras para transferi-los, enquanto se encaminha os afetados para serviços de saúde, áreas de abrigo e oferece artigos não alimentares, além de coordenar acampamentos e rastrear populações e suas necessidades. 

Cidade costeira de Palma foi palco de confrontos recentes de terroristas com as forças de segurança
© PMA/Grant Lee Neuenburg
Cidade costeira de Palma foi palco de confrontos recentes de terroristas com as forças de segurança