ONU defende maior inclusão de 1 bilhão de pessoas que vivem com deficiência
Secretário-geral aponta novas ameaças na resposta e recuperação da pandemia em conferência que culmina no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência; Guterres pede aos países que tornem o pós-Covid-19 acessível e sustentável para o grupo.
As Nações Unidas iniciaram esta segunda-feira a 13ª sessão da Conferência dos Estados Partes da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
Entre as reuniões virtuais serão realizadas mesas redondas e debates interativos que culminam no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, em 3 de dezembro. A sessão elegerá nove membros do Comitê da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
Inclusão
Abrindo o evento, o secretário-geral, António Guterres, disse haver clareza sobre o objetivo de se ter “um mundo com oportunidades iguais, de participação na tomada de decisões e benefícios reais da vida econômica, social, política e cultural”.
O chefe da ONU lembrou que o encontro acontece “em circunstâncias sem precedentes” devido à Covid-19. Ele disse que além de afetar comunidades e sociedades em sua essência, a pandemia vem aprofundando as desigualdades preexistentes.
Guterres realçou que “mesmo em circunstâncias normais, o bilhão de pessoas com deficiência em todo o mundo tem menos probabilidades de acesso à educação, à saúde e aos meios de subsistência ou de participar e ser incluídas na comunidade”.
O secretário-geral realçou que o grupo é mais propenso a viver na pobreza e sofrer as maiores taxas de violência, negligência e abuso. Guterres destacou que perante a crise de saúde, as pessoas com deficiência estão entre as mais afetadas porque a “pandemia está exacerbando essas desigualdades e produzindo novas ameaças”.
Resposta e recuperação
Como ilustra o Documento Político sobre Covid-19 e Pessoas com Deficiência, ele reforçou que é preciso promover a inclusão do grupo na resposta e recuperação. Para Guterres, isso significaria reconhecer e proteger os direitos do grupo.
O conjunto de garantias inclui ir à escola, viver em comunidade, ter acesso a cuidados de saúde, criar família, participar na política, praticar esportes, viajar e ter um trabalho decente.
Vídeo do arquivo do Documento Político sobre Covid-19 e Pessoas com Deficiência
Nessa questão, o líder da ONU disse que a organização lidera pelo exemplo, ao implementar a estratégia de inclusão. Guterres pediu que se assegurem a visão e as aspirações das pessoas com deficiência “num mundo pós-Covid-19 inclusivo, acessível e sustentável”.
Tomada de decisões
No discurso, António Guterres defendeu uma consulta ativa às pessoas com deficiência e suas organizações. Outras áreas que carecem de maior inclusão do grupo são processos de tomada de decisão.
O chefe da ONU realçou que a atuação conjunta de governos, das Nações Unidas, da sociedade civil, do setor privado e de especialistas pode reforçar a implementação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência “de forma eficaz e enfrentar os obstáculos, injustiças e discriminação” do grupo.
Para Guterres, é essencial realizar os direitos das pessoas com deficiência para cumprir a meta da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, que prevê que ninguém seja esquecido.