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Ações contra violência a mulheres e meninas recebem US$ 25 milhões da ONU   BR

ONU aponta que necessidades de mulheres e meninas em contextos humanitários continuam negligenciadas e sem recurso.
Fotos: Unmiss/Isaac Billy
ONU aponta que necessidades de mulheres e meninas em contextos humanitários continuam negligenciadas e sem recurso.

Ações contra violência a mulheres e meninas recebem US$ 25 milhões da ONU  

Saúde

Quantia será destinada a organizações femininas de prevenção e resposta; Acnur descreve segunda onda de Covid-19 como “mistura letal” para violência doméstica; Unaids fala em pandemia negligenciada. 

Para marcar o início da campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência às Mulheres, várias agências das Nações Unidas organizam iniciativas de combate a este desafio global. 

A Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, afirmou que a ameaça de uma segunda onda da pandemia e o prolongamento da crise são uma mistura letal que deve desencadear uma “nova onda de violência a refugiadas, mulheres e meninas desabrigadas e apátridas.” 

Casamentos   

O chefe do Acnur, Filippo Grandi, citou relatos alarmantes de uma alta acentuada nos riscos de violência de gênero, incluindo a que é praticada por um parceiro íntimo, tráfico de pessoas, exploração sexual e casamentos infantis. 

Empreendimentos liderados por mulheres tiveram perda média de 59% no faturamento.
Agência Brasil/Marcelo Camargo
Empreendimentos liderados por mulheres tiveram perda média de 59% no faturamento.

 

O Acnur lidera a Divisão de Proteção Global que revelou o aumento da violência de gênero em pelo menos 27 países. A venda ou troca de favor sexuais por causa da crise econômica ocorreu em pelo menos 20 nações. Outro motivo de alarme é a tendência crescente de riscos de casamentos infantis e forçados. 

Pobreza 

Neste 25 de novembro, a ONU destinou US$ 25 milhões do Fundo de Emergência para apoiar organizações lideradas por mulheres que previnem e respondem à violência de gênero em ambientes humanitários. 

Em média, em todo o mundo, as mulheres contam com apenas três quartos dos direitos concedidos aos homens.
FAO/Luis Tato
Em média, em todo o mundo, as mulheres contam com apenas três quartos dos direitos concedidos aos homens.

 

Antes deste anúncio, a representante da ONU em Angola, Zahira Virani, falou à ONU News, de Luanda, sobre a campanha dos 16 Dias em Angola. Segundo ela, o combate à violência de gênero e o empenho das mulheres são cruciais para avançar com a igualdade de gênero.  

“Aqui em Angola, mas em todos os países do mundo, a economia informal é normalmente dominada pelas mulheres. Então, acho que nós aqui nas Nações Unidas, nós temos que trabalhar com as líderes do governo, as mulheres, mas também com os homens que têm este pensamento. Nós devemos trabalhar com ONGs, porque existem ONGs e sociedade civil forte, e devemos trabalhar com eles para promover e dar oportunidades às mulheres, empreendedorismo, proteção social etc. E devemos trabalhar com parceiros. Aqui, nós temos um clube das embaixadoras mulheres. E nós podemos também trabalhar com parceiros, neste sentido.” 

Pandemia negligenciada 

De acordo com o subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários Mark Lowcock, cerca de US$ 17 milhões serão alocados para o Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, e US$ 8 milhões para a ONU Mulheres. 

Lowcock contou que as necessidades de mulheres e meninas em contextos humanitários continuam negligenciadas e sem recursos. 

O Programa das Nações Unidas contra HIV/Aids, Unaids, pediu que se intensifiquem com urgência os esforços para eliminar “a pandemia negligenciada de violência a mulheres e meninas em suas manifestações mais diversas”. 

A diretora-executiva do Unaids, Winnie Byanyima.
Foto ONU/Amanda Voisard
A diretora-executiva do Unaids, Winnie Byanyima.

 

A agência lembra que esta violação generalizada dos direitos humanos afeta uma em cada três mulheres pelo menos uma vez na vida.  

Alta 

Se antes da pandemia cerca de 243 milhões de mulheres e meninas, entre 15 e 49 anos, sofreram violência sexual e ou físicas nos últimos 12 meses, os novos indícios apontam para uma alta significativa na violência de gênero em quase todos os países. 

A diretora executiva da Unaids, Winnie Byanyima, lembrou que aumentaram as barreiras para mulheres e meninas que sofrem abuso, especialmente aquelas que estejam isoladas em casa com seus agressores na pandemia.  

As razões para isso incluem o impacto dos bloqueios e das restrições de viagens impostos em muitos países para conter a propagação da Covid-19, a falha em designar serviços de saúde sexual e reprodutiva para sobreviventes de violência como serviços essenciais e a maior fragilidade econômica das mulheres.