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Em África, Unesco apoia retorno às aulas após casos de gravidez precoce na pandemia   BR

Cerca de 1 milhão de meninas não conseguiram regressar à escola na África Subsaariana devido à gravidez
Unicef/Frank Dejo
Cerca de 1 milhão de meninas não conseguiram regressar à escola na África Subsaariana devido à gravidez

Em África, Unesco apoia retorno às aulas após casos de gravidez precoce na pandemia  

Mulheres

Agência destaca que situação piorou com fecho das escolas; estudo aponta que milhares de meninas seriam obrigadas a deixar de estudar por regras locais e estigma; Gana reverte situação com ensino secundário gratuito. 

 

A Covid-19 causou danos sem precedentes em crianças, famílias e comunidades em todo o mundo.  Uma nota da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, destaca ainda a interrupção de serviços que colocou milhões de vidas em risco e o fecho de escolas em 194 países. 

No início da pandemia, a agência lançou a Coalizão Global para Educação que incentiva a colaboração e o intercâmbio para proteger o direito à educação em tempos de pandemia. 

Meninas aprendem em uma vila no estado de Kassala, Sudão
Meninas aprendem em uma vila no estado de Kassala, Sudão, Unicef/Florine Bos

Subida vertiginosa 

Um dos principais exemplos dessa situação é do Gana. Nos primeiros três meses do confinamento, meninas como Efua (nome fictício), passaram a fazer parte da estatística do aumento nove vezes maior da gravidez precoce em Krachi, no este. Em 2018, a comunidade teve seis casos na área onde ela vive. 

A Unesco menciona dados de um estudo da ONG World Vision Internacional revelando que cerca de 1 milhão de meninas não conseguiram regressar à escola na África Subsaariana devido à gravidez em tempo de medidas para controlar a Covid-19. 

Efua engravidou com 17 anos, quando ela se preparava para concluir o ensino básico.  Fora da escola e  com o negócio da mãe afetado pelo confinamento, Efua sofreu exploração sexual de um homem que se aproveitou da dificuldade financeira da  mãe provocada pela queda das vendas de salmão.  

Desafios

A Unesco conta com mais de 140 entidades associadas ao projeto em todo o mundo, desde entidades da ONU, da sociedade civil, da academia e do setor privado

A Coalizão  Global para Educação quer garantir que meninas como Efua continuem estudando depois de dar à luz, independente dos desafios e do estigma associados. A ideia é ajudá-las a alcançar os seus objetivos. 

A Unesco realça o papel da World Vision Gana e outros parceiros que desenvolvem leis com as autoridades para aplicar, proibir e sancionar os responsáveis pela exploração sexual ou abuso contra meninas. Estas medidas estrariam em vigor enquanto se aguarda pela conclusão do processo de revisão constitucional.    

A Unesco diz contar atualmente com mais de 140 entidades associadas ao projeto em todo o mundo, desde entidades da ONU, da sociedade civil, da academia e do setor privado.  

Igualdade  

As metas da iniciativa são abordar as dimensões de gênero do impacto do Covid-19 na educação e proteger os progressos feitos na igualdade de gênero no setor da educação.  

A  campanha #LearningNeverStops, ou Aprendizado Nunca Pára, quer garantir que todas as meninas tenham acesso à educação em todos os lugares. 

 

*Amatijane Candé, de Bissau para a ONU News.