ONU marca Dia Internacional para Proteger a Educação de Ataques
Secretário-geral, António Guterres, realça vulnerabilidade de menores e jovens em tempo de pandemia, na primeira vez que marca a data; mais de 75 milhões de pessoas entre três e 18 anos vivem em 35 países afetados por ameaças e crises.
As Nações Unidas marcam pela primeira vez o 9 de setembro, Dia Internacional para Proteger a Educação de Ataques.
A organização pretende passar a mensagem clara de que é importante defender as escolas como locais de proteção e segurança para alunos e educadores.
Insegurança
A ONU reforça ainda que a prioridade à educação se deve manter no combate à pandemia, que levou ao fechamento de escolas para mais de 90% da população estudantil mundial.
A organização indica que mais de 22 mil alunos, professores e acadêmicos tenham sido feridos, mortos ou afetados nos últimos cinco anos em ataques ao setor da educação durante um conflito armado ou insegurança.
As Nações Unidas realçam que, em todo o mundo, os ataques a crianças continuam com partes em conflito desrespeitando a proteção infantil como “uma das regras mais básicas da guerra”. A natureza prolongada dos conflitos atuais afeta o futuro de gerações inteiras de crianças, sublinha a ONU.
A organização lembra que sem acesso à educação, uma geração de crianças que vive em conflito crescerá sem as habilidades para contribuir para seus países e economias, agravando o desespero de milhões de menores e suas famílias.

Conflitos
A data foi estabelecida pela Assembleia Geral, que realça contar com os esforços da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, e do Fundo da ONU para a Infância, Unicef.
O órgão apela ao aumento da consciência sobre a situação de milhões de crianças que vivem em países afetados por conflitos. A resolução que proclama o dia foi apresentada pelo Catar e secundada por 62 países.
Em mensagem, o secretário-geral, António Guterres, destaca que em tempo da Covid-19 “crianças e jovens em zonas de conflito permanecem entre os mais vulneráveis a seu impacto arrasador”.
O chefe da ONU apela as partes a garantir que haja um ambiente seguro e protegido para que as crianças adquiram “conhecimentos e habilidades de que precisam para o futuro. ”
Forças Armadas
As Nações Unidas lembram que o direito infantil à educação “não pode ser salvaguardado em zonas de conflito, sem que a própria educação seja protegida.”
Fora da escola, as crianças “são alvos fáceis de abuso, exploração e recrutamento por forças ou grupos armados”. A ONU realça que a escola deve fornecer um espaço seguro onde as crianças possam ser protegidas de ameaças e crises.

A organização considera o momento atual “também uma etapa crítica para quebrar o ciclo de crise e reduzir a probabilidade de conflitos futuros.”
Com a celebração da data, outra meta é chamar a atenção para a situação de mais de 75 milhões de jovens entre três a 18 anos vivendo em 35 países afetados por crises. A ideia é alertar sobre a necessidade urgente de prestar apoio educacional.
Ataques
A ONU diz estar preocupada com os efeitos da violência contínua sobre essas crianças e capacidade de acesso à educação, “cujas consequências requerem atenção especial para além das necessidades dos alunos com escolas temporariamente fechadas devido à Covid-19”.
As estatísticas das Nações Unidas apontam que, entre 2015 e 2019, houve 93 países onde pelo menos um ataque foi relatado no setor da educação. De forma mais direta, vários estudantes e educadores foram frequentemente vítimas de ataques diretos em Estados como Afeganistão, Camarões e Palestina.
Nesse período, forças ou grupos armados e outros atores estatais usaram escolas e universidades para fins militares em 34 nações. Esses centros educacionais serviram como bases, centros de detenção e depósitos de armas. Em 17 nações foram recrutados alunos de escolas nos últimos cinco anos.
