Guterres quer ajuda para conter crises e “graves consequências” no Mali e no Sahel
Secretário-geral fala ao Conselho de Segurança sobre complexidade de crises em território maliano, onde pelo menos 128 soldados da paz morreram em ataques; cerca de 5 milhões de pessoas podem precisar de ajuda; Covid-19 afetou pelo menos 100 funcionários da Missão da ONU no Mali, Minusma.
O secretário-geral das Nações Unidas afirmou que crises mescladas no Mali e no Sahel continuam tendo graves consequências para os habitantes da sub-região africana. António Guterres falou a uma sessão do Conselho de Segurança sobre o tema.
Ele destacou que grupos terroristas e criminosos continuam expandindo suas atividades enquanto exploram antigas tensões comunitárias. Um dos exemplos é o centro do Mali, onde 100 civis morreram nos últimos dias em ataques na região de Mopti.
Burquina Fasso e Níger
Já no norte de Burquina Fasso, mais de 80 pessoas morreram em atentados separados atribuídos a grupos terroristas.
Dados da Agência das Nações Unidas para os Refugiados, Acnur, revelam que no oeste do Níger, dois líderes locais foram assassinados e mais de 10 mil pessoas buscam abrigo.
De acordo com a agência, os ataques de grupos armados e as operações de segurança levam mais pessoas a fugir. E mais comunidades estão pressionadas para lidar com deslocados por várias vezes.
Mali
Sobre o Mali, Guterres disse que é preciso levar à justiça os responsáveis por crimes contra as forças de paz. Foram 128 assassinatos de soldados da paz sem qualquer punição ou prestação de contas.
Ele destacou que a situação humanitária é ainda mais preocupante com o iminente aumento de pessoas carentes de assistência para 5 milhões nos próximos meses.
Guterres pediu uma ação internacional rápida e firme para cobrir as necessidades humanitárias mais urgentes, incluindo os efeitos da Covid-19. Ele quer apoio ao Plano de Adaptação da Missão para uma operação mais ágil, móvel e flexível.
Recursos
O secretário-geral citou a necessidade de mais aeronaves para as operações de paz e frisou que não existe solução somente militar para o Mali.
Segundo ele, “as respostas de segurança devem estar aliadas com a restauração da autoridade do Estado, o desenvolvimento sustentável e o respeito aos direitos humanos na condução das operações.”
Para a Força Conjunta G-5 Sahel, Guterres voltou a pedir um pacote abrangente de apoio para permitir ações previsíveis e sustentáveis.
O chefe da ONU disse que “um Mali politicamente estável e mais seguro” depende de um compromisso coletivo, sustentado e apoio contínuo da Minusma.
Terroristas
Em território maliano, a Covid-19 agravou a situação que já era extremamente desafiadora. O secretário-geral disse haver tentativas de terroristas e outros grupos armados de “capitalizar a pandemia”.
O vírus contaminou um total de 100 funcionários da missão de manutenção da paz. Apesar da recuperação de muitos deles, dois boinas-azuis perderam a batalha contra a doença.