Chefe da ONU destaca consequências de Covid-19 e mudança climática no Sahel
Os chefes de Estado dos países do G5 Sahel participaram em um encontro com o presidente da França e o secretário-geral; António Guterres disse que populações estão pagando o preço da crise, com mais de dois milhões de pessoas deslocadas.
Os chefes de Estado dos países do G5 Sahel, Burkina Fasso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger, discutiram esta segunda e terça-feira na capital do Chade, N’Djamena, os desafios enfrentados pela região.
O presidente francês, Emmanuel Macron, também participou no encontro, de forma virtual, bem como o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Preocupação
Em mensagem vídeo mostrada esta terça-feira, o chefe das Nações Unidas destacou “eventos recentes promissores”, incluindo a realização pacífica de eleições, mas disse que continua preocupado com a deterioração da segurança.
Segundo Guterres, mais uma vez, são as populações civis que estão pagando o preço. Mais de dois milhões de pessoas estão deslocadas e milhões em situação de insegurança alimentar aguda.
O chefe da ONU lembrou ainda os impactos da crise climática e da pandemia de Covid-19, que exacerbou vulnerabilidades e empurrou mais de seis milhões de pessoas para a pobreza extrema.
G5 Sahel
Para o secretário-geral, o G5 Sahel tem “um papel essencial a desempenhar no enfrentamento desta crise.”
Ele disse que a Força Conjunta continua a crescer, graças à mobilização dos Estados-membros, apoio de parceiros internacionais e Missão da ONU no Mali, Minusma. Ele pediu ainda financiamento “estável e previsível.”
Guterres disse que as operações africanas de paz e contraterrorismo devem ser endossadas pelo Conselho de Segurança e que o apoio da Minusma ao processo de transição e estabilização do Mali deve ser uma prioridade.
Ele condenou o “ataque covarde” que feriu mais de 20 boinas-azuis na semana passada, pedindo que as autoridades façam o possível para identificar os seus perpetradores e levá-los à justiça.
Desenvolvimento
Além da resposta de segurança, o desenvolvimento, o Estado de direito e a boa governança são pilares da estabilidade na região.
O secretário-geral disse que os governos devem reconquistar a confiança de seus cidadãos e que a ONU está determinada a apoiar esses esforços.
Segundo ele, “a natureza multidimensional e interdependente de muitos desafios exige que se abordem as causas profundas do conflito.”
No mês passado, Guterres nomeou um coordenador especial para o Desenvolvimento do Sahel, Mar Dieye, que deve melhorar as ligações entre os desafios humanitários, climáticos, de segurança, políticos e de desenvolvimento.
Mar Dieye trabalhará em estreita colaboração com o representante especial para a África Ocidental e o Sahel, Mohammed Chambas.