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Chefe da ONU destaca consequências de Covid-19 e mudança climática no Sahel  BR

 Amarcia é uma das 1,5 milhões de pessoas que foram deslocadas no Níger devido ao conflito na região central do Sahel
OIM/Monica Chiriac
Amarcia é uma das 1,5 milhões de pessoas que foram deslocadas no Níger devido ao conflito na região central do Sahel

Chefe da ONU destaca consequências de Covid-19 e mudança climática no Sahel 

Paz e segurança

Os chefes de Estado dos países do G5 Sahel participaram em um encontro com o presidente da França e o secretário-geral; António Guterres disse que populações estão pagando o preço da crise, com mais de dois milhões de pessoas deslocadas.  

Os chefes de Estado dos países do G5 Sahel, Burkina Fasso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger, discutiram esta segunda e terça-feira na capital do Chade, N’Djamena, os desafios enfrentados pela região.  

O presidente francês, Emmanuel Macron, também participou no encontro, de forma virtual, bem como o secretário-geral da ONU, António Guterres. 

Preocupação 

Em mensagem vídeo mostrada esta terça-feira, o chefe das Nações Unidas destacou “eventos recentes promissores”, incluindo a realização pacífica de eleições, mas disse que continua preocupado com a deterioração da segurança. 

Falta de recursos é um dos motivos dos confitos na região do Sahel
Pnud Mauritania/Freya Morales
Falta de recursos é um dos motivos dos confitos na região do Sahel

Segundo Guterres, mais uma vez, são as populações civis que estão pagando o preço. Mais de dois milhões de pessoas estão deslocadas e milhões em situação de insegurança alimentar aguda. 

O chefe da ONU lembrou ainda os impactos da crise climática e da pandemia de Covid-19, que exacerbou vulnerabilidades e empurrou mais de seis milhões de pessoas para a pobreza extrema. 

G5 Sahel 

Para o secretário-geral, o G5 Sahel tem “um papel essencial a desempenhar no enfrentamento desta crise.” 

Ele disse que a Força Conjunta continua a crescer, graças à mobilização dos Estados-membros, apoio de parceiros internacionais e Missão da ONU no Mali, Minusma. Ele pediu ainda financiamento “estável e previsível.” 

Guterres disse que as operações africanas de paz e contraterrorismo devem ser endossadas pelo Conselho de Segurança e que o apoio da Minusma ao processo de transição e estabilização do Mali deve ser uma prioridade.  

Ele condenou o “ataque covarde” que feriu mais de 20 boinas-azuis na semana passada, pedindo que as autoridades façam o possível para identificar os seus perpetradores e levá-los à justiça. 

Entre as imensas necessidades básicas no Sahel estão abrigo, água, saneamento e saúde.
Foto Ocha/ Giles Clarke
Entre as imensas necessidades básicas no Sahel estão abrigo, água, saneamento e saúde.

Desenvolvimento 

Além da resposta de segurança, o desenvolvimento, o Estado de direito e a boa governança são pilares da estabilidade na região. 

O secretário-geral disse que os governos devem reconquistar a confiança de seus cidadãos e que a ONU está determinada a apoiar esses esforços.  

Segundo ele, “a natureza multidimensional e interdependente de muitos desafios exige que se abordem as causas profundas do conflito.” 

No mês passado, Guterres nomeou um coordenador especial para o Desenvolvimento do Sahel, Mar Dieye, que deve melhorar as ligações entre os desafios humanitários, climáticos, de segurança, políticos e de desenvolvimento.  

Mar Dieye trabalhará em estreita colaboração com o representante especial para a África Ocidental e o Sahel, Mohammed Chambas.  

Pastores guiam seus rebanhos no Niger, no Sahel
FAO/Giulio Napolitano
Pastores guiam seus rebanhos no Niger, no Sahel