Unrwa: crise na Faixa de Gaza gera alto custo econômico e psicológico a mulheres BR

Entre 2011 e 2017, a pobreza aumentou de 39% para 53% na região; muitas mulheres tornaram-se chefes de família após divórcios ou casos de doença; Agência de Assistência a Refugiados Palestinos, Unrwa, descreve exaustão por parte das refugiadas.
A Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, apresentou um relatório sobre palestinas refugiadas na Faixa de Gaza, que lidam com pobreza e outras consequências de um bloqueio à região, que dura 13 anos.
“Como ela enfrenta?”, numa tradução livre, relata experiências femininas sobre as dificuldades nesse território palestino.
O estudo deve ser vendido e com os fundos obtidos, a agência quer comprar 400 cestas básicas para famílias na área. A iniciativa faz parte da campanha Doando para Gaza. (#GivingTuesday e # Give4Gaza).
Para a diretora de Assistência Social da Unrwa, Dorothée Klaus, é preciso entender a vida além das estatísticas. Ela lembra que o local está há quase 13 anos sob bloqueio. Klaus afirmou que a pobreza aumentou para 53%. Mais de 70% da população da área são refugiados palestinos.
Em Gaza, a taxa de desemprego é de cerca 44%, uma das mais altas do mundo. A região também é marcada por episódios de violência e conflitos recorrentes.
O estudo inclui a história de Sana. Com 39 anos, ela cuida de oito filhos. O marido se divorciou e sumiu. Sana se sente discriminada com o divórcio. Mesmo assim, ela apoia os filhos e a educação deles.
Outro caso estudado é o de Ameela, de 24 anos. Ela tem uma pequena tabacaria, onde vende também brinquedos, material escolar e assume e toma conta da família. A mãe dela é quem tomava conta de tudo, mas após ser internada, há vários meses, Ameela assumiu o negócio.
O estudo conta ainda o drama de Salam, de 32 anos, que cuida do marido sobrevivente de um sério acidente de carro, sofrido ao lado de quatro pessoas. Ele foi o único que escapou, mas com sequelas fortes. E agora Salam cuida do marido e dos cinco filhos sozinha.
Dorothée Klaus disse que as mulheres na Faixa de Gaza vivem em ambiente de grande estresse econômico e social.
O grupo foi obrigado a mudar de hábitos para cuidar da vida de suas famílias e parentes. Essas palestinas refugiadas também lidam com um impacto psicológico dessa situação.
A crise palestina impõe um custo alto às mulheres. Muitas mulheres citam recursos limitados, falta de liberdade pessoal, atos frequentes de violência incluindo de gênero.
A análise também estuda as mudanças nos papéis de gênero e como essa situação teria afetado o bem-estar físico e psicológico das mulheres, seus parentes e comunidades.
Klaus destaca que nunca se poderá entender o poder interior de cada participante sem acompanhar o relato de como ela administra os diferentes aspectos da vida, incluindo o familiar.
Para a representante, a desenvoltura, o poder de manter a comunidade unida e, ao mesmo tempo, enfrentar as limitações para tentar lidar com tantas responsabilidades são características comuns nessas mulheres, que ao mesmo tempo enfrentam momentos de exaustão.
Entre 2011 e 2017, a pobreza na Faixa de Gaza aumentou de 39% para 53%.