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Secretário-geral diz que “mundo está se dividindo” e pede mais solidariedade internacional BR

Secretário-geral, António Guterres, discursa no Fórum de Paz de Paris, em França
Unesco/Christelle ALIX
Secretário-geral, António Guterres, discursa no Fórum de Paz de Paris, em França

Secretário-geral diz que “mundo está se dividindo” e pede mais solidariedade internacional

Paz e segurança

António Guterres discursou na abertura do Fórum de Paz de Paris, antes de se encontrar com o presidente da França, Emmanuel Macron; para chefe da ONU, “multilateralismo tem de se adaptar aos desafios de hoje e amanhã”.

O secretário-geral da ONU destacou cinco desafios mundiais esta segunda-feira, na abertura do Fórum de Paz de Paris, dizendo que “o mundo está se dividindo.”

No seu discurso, António Guterres disse que hoje, mais do que nunca, são necessárias instituições multilaterais fortes para responder aos desafios de hoje e de amanhã.

Diferenças

Secretário-geral na ilha de Tuvalu, no Pacífico
Secretário-geral na ilha de Tuvalu, no Pacífico, Foto ONU/Mark Garten

O chefe da ONU disse que “em comparação com os terríveis conflitos do século passado, a situação atual pode parecer mais pacífica”, mas a verdade é que a realidade ainda é “caótica e incerta.”

Para o secretário-geral, o mundo “já não é bipolar ou unipolar, mas ainda não é realmente multipolar.” Ele disse que “o equilíbrio de poder é imprevisível” e “as relações entre as principais potências são mais disfuncionais do que nunca.”

Guterres destacou “consequências lamentáveis” dessa situação no Conselho de Seguranca, dizendo que órgão “é frequentemente paralisado.” Segundo ele, mesmo quando o Conselho atua, “interferências externas dificultam a implementação das resoluções.”

Fendas

O secretário-geral destacou depois cinco riscos globais.

Primeiro, o perigo de uma divisão econômica, tecnológica e geoestratégica. Segundo ele, existe a possibilidade de “um planeta dividido em dois, em que as duas maiores potências econômicas exercem poder sobre dois mundos distintos em competição.”

O segundo risco diz respeito a uma quebra do contrato social. Para Guterres, a onda de protestos em todo o mundo mostra que o “sentimento de exclusão pode levar à revolta.”

Segundo ele, quando as desigualdades sociais não são resolvidas, resultam no terceiro problema, a falta de solidariedade. O chefe da ONU afirmou que “são os mais frágeis, como minorias, refugiados, migrantes, mulheres, crianças, que são as primeiras vítimas.”

Secretário-geral depoista coroa de flores em Christchurch, na Nova Zelândia, depois de tiroteio em mesquita
Secretário-geral depoista coroa de flores em Christchurch, na Nova Zelândia, depois de tiroteio em mesquita, ONU/Mark Garten

Guterres destacou depois uma quarta divisão, a que acontece entre o planeta e seus habitantes. Ele disse que, “infelizmente, esse perigo ainda não é óbvio para alguns, mas já é uma realidade para muitos.”

O quinto risco global é o de uma ruptura tecnológica. Para Guterres, “as novas tecnologias representam um potencial fantástico”, mas “podem ser um fator de risco e acelerar desigualdades.”

Guterres terminou dizendo que “o status quo é insustentável”, mas um Estado sozinho não pode reparar todas essas fendas.

Segundo ele, o mundo precisa “de um sistema universal, que respeito o direito internacional e esteja organizado em torno de fortes instituições multilaterais.”

Agenda

Após o discurso, o secretário-geral teve uma reunião bilateral com o presidente da França, Emmanuel Macron.

Na terça-feira, Guterres discursará na abertura da conferência geral da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco.

Segundo o seu porta-voz, o secretário-geral e destacará o importante papel da agência na promoção do multilateralismo e para alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ODSs. António Guterres deve ainda destacar os jovens como principais parceiros e agentes de mudança.