“Fragmentação do Iêmen está se tornando uma ameaça mais forte e dramática”

Enviado da ONU disse ao Conselho de Segurança que contacta vários grupos em busca de meios políticos pacíficos para resolver a questão; na área humanitária, falta de água e saneamento pode expor 300 mil deslocados ao risco de cólera.
A fragmentação do Iêmen está se tornando uma ameaça mais forte e dramática, alertou esta terça-feira o enviado especial do secretário-geral para o país.
Falando em sessão do Conselho de Segurança que debateu a crise iemenita, Martin Griffiths explicou que essa situação torna mais urgentes do que nunca os esforços internacionais no processo de paz.
Segundo o representante, “não há tempo a perder e os riscos estão se tornando muito altos para o futuro” do país, do povo e da região.
Para Griffiths, esse senso de urgência contrasta com os esforços internacionais feitos até agora para resolver o conflito onde “cada etapa foi disputada, negociada, pressionada e atrasada”.
Como exemplo das frustrações nesse processo, o enviado destacou a abertura do aeroporto de Sanaa, que ainda é aguardada, dizendo que vôos humanitários negociados por muitos meses ainda não começaram.
Para o representante, o Acordo de Estocolmo, que prevê reforçar a confiança e permitir o apoio humanitário, “é vulnerável” quando oscila o compromisso com uma solução pacífica.
Griffiths destacou os confrontos entre as Brigadas de Protecção Presidencial, das autoridades reconhecidas pela comunidade internacional, e as forças afiliadas aos separatistas do Conselho de Transição do Sul, que acontecem desde o início de agosto em Áden.
O enviado disse que tem buscado meios políticos pacíficos para resolver essa questão e teve conversas com vários grupos das províncias do sul e de outras partes do Iêmen, que segundo ele devem ser incluídas no processo de paz.
O apelo a todos os interessados é que tomem os eventos em Áden como um sinal claro de que o atual conflito deve acabar de forma rápida, pacífica e de uma forma em que sejam atendidas as necessidades dos iemenitas em todo o país.
Na sessão, a secretária-geral assistente para os Assuntos Humanitários, Ursula Mueller, disse que 300 mil deslocados podem ficar expostos ao risco de cólera com a iminente interrupção de serviços de água e saneamento.
A outra preocupação é com a redução de fundos para prestar cuidados a crianças malnutridas, uma situação que pode causar a morte de 23 mil bebês que sofrem de desnutrição.
Nessa situação, que leva as Nações Unidas a liderar a maior operação humanitária do mundo, são assistidas 12 milhões de pessoas com água, comida, serviços de saúde e outros pelo país inteiro.
Ursula Mueller reiterou que somente uma política sustentável pode abordar a enorme crise humanitária do país árabe, onde a “paz é mais necessária que nunca”.