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Guterres apela à cooperação internacional para lidar com ameaças globais

Guterres reconheceu que hoje a cooperação internacional está sob imensa pressão, ameaçando “os valores da Carta das Nações Unidas estão sendo desafiados e enfraquecidos.”
UN Rússia/ Yury Kochkin
Guterres reconheceu que hoje a cooperação internacional está sob imensa pressão, ameaçando “os valores da Carta das Nações Unidas estão sendo desafiados e enfraquecidos.”

Guterres apela à cooperação internacional para lidar com ameaças globais

Desenvolvimento econômico

Na Rússia, secretário-geral apela a trabalho conjunto em prol da globalização justa; combate à mudança climática deve ser prioridade; chefe da ONU apela ao “investimento massivo em educação” para lidar com alterações económicas.

O secretário-geral da ONU, apelou, esta sexta-feira, ao espírito de cooperação internacional para que seja possível lidar com as ameaças globais.

Em discurso durante o Fórum Económico de São Petersburgo, António Guterres destacou que “os atuais desafios globais exigem soluções globais” e que “nenhum país ou organização podem fazer isso sozinhos.”

Prioridades

Guterres espera envolver-se e apoiar as instituições de transição no Sudão.
Guterres reiterou a mensagem de que se deve dar prioridade a “uma economia verde, não uma economia cinza.”​​​​​​​Tass/ ONU DCG

O chefe da ONU lembrou que para tal é necessário o envolvimento dos líderes políticos, do mundo dos negócios, dos cientistas, dos académicos, dos filantropos e da sociedade civil.

Guterres reconheceu que hoje a cooperação internacional está sob imensa pressão, ameaçando os valores da Carta das Nações Unidas que “estão sendo desafiados e enfraquecidos.”

O secretário-geral enfatizou que é necessário “construir uma globalização justa que funcione para todos” sublinhando que são muitos os “benefícios da globalização.”

Mais pessoas saíram da pobreza extrema do que nunca, vive-se mais tempo e de forma mais saudável mas Guterres lembra que “as ondas de prosperidade e crescimento não chegaram a todos.”

Necessidades

Recordando que a fome aumenta de novo, ele destacou que continuam a haver muitas desigualdades, mesmo dentro de países, com os níveis de desemprego juvenil, em algumas partes do mundo, “simplesmente alarmantes.”

Guterres alertou para a discriminação generalizada contra as mulheres e os muitos sinais que devem merecer a preocupação de todos como a queda do crescimento económico, o aumento das tensões comerciais entre os países, a incerteza dos mercados financeiros e ainda o agravamento da dívida pública de muitas nações.

Perante esta realidade, o chefe da ONU considera que é necessária “uma economia global que funcione e crie oportunidades para todos” e para tal a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável aponta o caminho.”

Por outro lado, enfatizou a necessidade de combater a mudança climática, lembrando que o mundo está a perder esta corrida o que agrava as causas de conflito, como por exemplo, no Sahel, “e até abrindo caminho para a expansão do terrorismo e do extremismo naquela região.”

Economia

Guterres reiterou a mensagem de que se deve dar prioridade a “uma economia verde, não uma economia cinza” destacando que é necessária “uma mudança rápida e profunda na forma de fazer negócios, gerar energia, construir cidades e alimentar o mundo.

Para além disso, ele relembrou que a ação climática também pode gerar ganhos económicos diretos de US$ 26 trilhões em comparação com o atual paradigma económico.

Tecnologia

Durante a sua intervenção, Guterres destacou ainda como a tecnologia continua a transformar o mundo, “da bioengenharia, à inteligência artificial e análise de dados, da educação e saúde à governança eletrónica e economia verde”. O representante apontou que as tecnologias digitais podem potenciar a cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

No entanto, o chefe da ONU sublinhou que a tecnologia pode representar também ameaças, como grandes ruturas no mercado de trabalho, “com uma enorme quantidade de empregos criados e destruídos com inteligência artificial.”

E é por isso que para ele é necessário um “investimento massivo em educação” e uma nova geração de sistemas de proteção social para as pessoas que serão afetadas de forma negativa.

Guterres alertou ainda para “o impacto incapacitante dos ataques cibernéticos, bem como as ameaças à privacidade e às violações dos direitos humanos.”