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ONU quer mais alianças para travar "ascensão do ódio"

Moratinos sublinha que “os locais de culto não devem ter derramamento de sangue e terror”
ONU/Reprodução
Moratinos sublinha que “os locais de culto não devem ter derramamento de sangue e terror”

ONU quer mais alianças para travar "ascensão do ódio"

Paz e segurança

Alto representante das Nações Unidas para a Aliança de Civilizações apela a tolerância cultural e religiosa; manipulação dos crentes e dos textos sagrados identificada como uma das causas para radicalização.

O alto representante das Nações Unidas para a Aliança de Civilizações, Unoac, Miguel Moratinos, está preocupado com o "retorno do ódio". 

Em discurso na abertura do 5º Fórum Mundial sobre Diálogo Intercultural, apoiado pela ONU, o responsável elogiou o momento "muito oportuno" em que este se realiza.

"Tentativa Perigosa"

Em Baku, capital do Azerbaijão, Moratinos partilhou com emoção que acaba de chegar do Sri Lanka onde prestou as condolências e expressou solidariedade ao povo do país, que na sua opinião “pagou um preço muito elevado quando igrejas e hotéis foram atacados
Em Baku, capital do Azerbaijão, Moratinos partilhou com emoção que acaba de chegar do Sri Lanka onde prestou as condolências e expressou solidariedade ao povo do país, que na sua opinião “pagou um preço muito elevado quando igrejas e hotéis foram atacados.Ministério do Turismo e Cultura do Azerbaijão

Em Baku, capital do Azerbaijão, Moratinos partilhou com emoção que acaba de chegar do Sri Lanka onde prestou as condolências e expressou solidariedade ao povo do país, que na sua opinião “pagou um preço muito elevado quando igrejas e hotéis foram atacados por fanáticos.”

O responsável enfatizou a ideia de que se vive uma abordagem diferente, “uma tentativa muita perigosa de introduzir nas nossas mentes e nos nossos corações algo que deveríamos tentar erradicar e que tem um nome: ódio. É uma espécie de cancro, o discurso do ódio.”

Por isso, o alto representante pediu que se trabalhe em conjunto para conseguir evitar “esta atitude criminosa” que pretende exterminar e eliminar os outros.

Miguel Moratinos também deixou claro que “o problema nunca é a fé” mas aqueles que “manipulam os crentes e os põe uns contra os outros, com a interpretação perversa de textos sagrados.”

Para ele, é necessário impedir que “destruam um direito humano fundamental de todos os seres humanos, que vivem neste planeta, o direito a liberdade religiosa e de crença.”

A este direito inalienável, é necessário também, diz Moratinos, acrescentar um “outro direito inerente que é o direito a rezar em paz.”

Fórum

Neste contexto, o alto representante sublinhou que o Fórum é importante para enviar “uma forte mensagem à comunidade internacional de que é possível” a convivência de todos, com respeito mútuo e entender melhor as diferentes culturas e religiões."

À medida que o mundo se torna mais complexo e incerto, é cada vez mais importante e necessária “uma estratégia global para o diálogo intercultural”, afirmou.

Em declarações à ONU News, à margem do evento, Moratinos, detalhou que as soluções “baseadas em meios financeiros, militares e políticos têm uma visão simplista”.

O representante defende que é fundamental olhar para “soluções sustentáveis” que ​​exigem uma abordagem sociocultural que entendendo as raízes das diferentes sociedades, “trazem clareza.”

Referindo um exemplo prático,  Moratinos considera que só entendendo a mentalidade de um vizinho, a história de um determinado problema, como se chegou a determinada situação, quais as suas será possível “encontrar soluções sustentáveis",

Salvaguarda

O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou recentemente que Miguel Moratinos será responsável por implementar um plano global de ação para salvaguardar locais religiosos.

O mandato foi dado a Unaoc, no mês passado, na sequência do terrível massacre em duas mesquitas da Nova Zelândia.

Moratinos partilhou a sua esperança de que até o final de julho um projeto de plano deve estar pronto para adoção e implementação.

O 5º Fórum Mundial sobre Diálogo Intercultural, começou esta quinta-feira em Baku, e examinará o papel crítico do diálogo intercultural como estratégia para promover a solidariedade humana e ajudar a combater a violência e a discriminação em diversas comunidades.