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ONU condena intolerância e violência após ataques em Burquina Faso e na Califórnia

Guterres lamenta que “as casas de culto, em vez de serem os refúgios seguros que deveriam ser, se tenham tornado alvos.
Mohamed Alalem
Guterres lamenta que “as casas de culto, em vez de serem os refúgios seguros que deveriam ser, se tenham tornado alvos.

ONU condena intolerância e violência após ataques em Burquina Faso e na Califórnia

Paz e segurança

Secretário-geral disse estar preocupado com “onda perturbadora” destes incidentes; fim de semana foi marcado por ataque a sinagoga na Califórnia e igreja; Guterres sublinha importância de lutar contra o ódio e o extremismo.

O secretário-geral da ONU alertou para a “onda perturbadora” de intolerância e violência, baseada no ódio, que é dirigida aos seguidores de muitas religiões.

António Guterres reagiu esta segunda-feira aos ataques dos últimos dias a uma sinagoga nos Estados Unidos e a uma igreja no Burquina Faso. O chefe da ONU considera que estes incidentes “se tornaram demasiadamente familiares.”

Retórica Repugnante

O secretário-geral diz estar “profundamente preocupado” e que se aproxima “um momento crucial” na luta contra o ódio e o extremismo.
O secretário-geral diz estar “profundamente preocupado” e que se aproxima “um momento crucial” na luta contra o ódio e o extremismo.
ONU Photo/Evan Schneider

Guterres lamenta que “as casas de culto, em vez de serem os refúgios seguros que deveriam ser, se tenham tornado alvos, com muçulmanos mortos em mesquitas, judeus assassinados em sinagogas e cristãos mortos em oração”.

Em nota, o secretário-geral lembra ainda que para além dos assassinatos, há uma “retórica repugnante” de xenofobia que visa não apenas grupos religiosos, mas também “migrantes, minorias e refugiados, asserções de supremacia branca e o ressurgimento da ideologia neonazista.”

Para Guterres, a internet está a tornar-se uma “estufa de ódio”, enquanto fanáticos se encontram online, e algumas plataformas inflamam e permitem que o ódio se torne viral.

O secretário-geral diz, por isso, estar “profundamente preocupado” e que se aproxima “um momento crucial” na luta contra o ódio e o extremismo.

Ação

Guterres relembra duas iniciativas urgentes que lançou para combater esta ralidade. Por um lado, a ONU está a elaborar um plano de ação para mobilizar plenamente a resposta do sistema das Nações Unidas no combate ao discurso do ódio. Este processo está a ser liderado pelo representante especial sobre a Prevenção do Genocídio, Adama Dieng.

Uma segunda iniciativa é o plano que visa definir como as Nações Unidas podem contribuir para garantir a segurança dos locais religiosos, um projeto desenvolvido pelo alto representante para a Aliança de Civilizações, Miguel Moratinos.

Guterres lembra que o mundo “deve esforçar-se para acabar com o antissemitismo, o ódio antimuçulmano, a perseguição de cristãos e todas as outras formas de racismo, xenofobia e discriminação.”

Para o representante, esta missão deve ser de todos, já que o ódio “é uma ameaça para todos.”

Guterres refere que os líderes políticos e religiosos têm uma responsabilidade especial de promover a coexistência pacífica, que deve também contar com o forte apoio dos governos, da sociedade civil e de outros parceiros.