Especialistas dizem que menstruação deve deixar de ser tabu
Antecedendo Dia Internacional da Mulher, grupo fez apelo por medidas concretas que assegurem fim de práticas discriminatórias; em alguns países, mulheres e meninas no período são consideradas “contaminadas e impuras”.
Sete especialistas de direitos humanos da ONU*, fizeram um apelo à comunidade internacional para que se quebre o tabu em torno da menstruação e medidas concretas sejam adotadas para garantir o fim de práticas discriminatórias. Outro pedido é que a saúde menstrual de mulheres e meninas seja protegida.
O grupo sublinha que o estigma e a vergonha gerados por estereótipos sobre a menstruação têm impactos severos em todos os aspetos dos direitos humanos das mulheres e meninas. Estes incluem os direitos à igualdade, à saúde, à moradia, à água, ao saneamento, à educação, à liberdade religiosa e de crença, à segurança e a condições de trabalho saudáveis, além da participação na vida cultural e pública sem discriminação.
Campanhas

De acordo com os especialistas, “apesar de campanhas recentes de mulheres para desafiar os tabus da menstruação, assim como a atenção crescente à questão da menstruação na mídia, em pesquisas, nas artes e em decisões políticas, deve haver mais esforços para enfrentar os desafios de mulheres e meninas em relação ao seu ciclo menstrual.”
Eles acrescentam que “normas socioculturais prejudiciais, estigmas, equívocos e tabus em torno da menstruação, continuam a levar à exclusão e discriminação de mulheres e meninas”.
Os especialistas apontam que em alguns países, as mulheres e meninas menstruadas são consideradas “contaminadas e impuras”. Elas sofrem restrições como a proibição de cozinhar ou tocar na água, participar de cerimônias religiosas, culturais e atividades comunitárias.
Privacidade
Durante a menstruação, mulheres e meninas podem até mesmo ser obrigadas a ficar em locais fora da casa sem estrutura, onde sofrem com frio, isolamento, risco de doenças e ataques de animais. Os especialistas explicam que, além disso, “muitas mulheres e meninas vivem sem privacidade para limpeza, por falta de acesso a banheiros seguros e higiênicos, ou facilidades sanitárias separadas nos locais de trabalho, educação e outras instituições públicas.”
Produtos de higiene sanitária são frequentemente inacessíveis ou muito caros, especialmente para mulheres e meninas vivendo em condições de pobreza ou em situações de crise. Nestas situações, elas podem ter que usar materiais improvisados e anti-higiênicos que podem levar a vazamentos e infeções, colocando a saúde delas em risco.
Educação Sexual
Os especialistas apontam que também existe uma falta de acesso generalizada a educação sexual, que leva ao estigma e conhecimento limitado sobre a menstruação. Com isso, “muitas meninas têm sentimentos negativos e ambivalentes sobre a menstruação, além de experimentarem estresse psicossocial, com impactos na habilidade delas de aprenderem.”
Eles acrescentam ainda que “em alguns países a primeira menstruação é ligada a prontidão para o casamento, aumentando os riscos da gravidez na adolescência, limitando a educação das meninas e as oportunidades de trabalho.”
Práticas Discriminatórias

Alguns países proibiram práticas discriminatórias ligadas ao período menstrual. Para os especialistas, ainda haja muito a ser feito para garantir a implementação efetiva das leis.
Outras nações também teriam desenvolvido políticas que atendam mulheres e meninas durante a menstruação, como apoio no ambiente de trabalho e o fornecimento de produtos sanitários de graça nas escolas.
Para os especialistas, a “saúde menstrual e a higiene devem ser priorizadas como parte de uma educação sexual abrangente, água e políticas sanitárias, garantindo que a sexualidade da mulher e direitos reprodutivos sejam respeitados, e que elas tenham acesso a produtos de higiene menstruais seguros, acessíveis e de qualidade.”
O grupo finaliza o comunicado destacando que é “inaceitável que mulheres e meninas sejam expostas a estereótipos de gênero prejudiciais ou a tabus relacionados a funções naturais e biológicas como a menstruação, resultando no ostracismo e na discriminação a mulheres e meninas.”
*Os especialistas das Nações Unidas trabalham de forma independente e não recebem salário por seu trabalho