Perspectiva Global Reportagens Humanas

OMS: custos com saúde já representam 10% do PIB mundial

De acordo com a OMS, os governos suportam, em média, 51% dos gastos com saúde de um país.
OPS-OMS/Sebastián Oliel
De acordo com a OMS, os governos suportam, em média, 51% dos gastos com saúde de um país.

OMS: custos com saúde já representam 10% do PIB mundial

Saúde

Países gastam mais em saúde mas persistem assimetrias de acordo com o rendimento; governos suportam, em média, 51% dos gastos com saúde de um país; 100 milhões de pessoas ainda são empurradas para a pobreza devido a altos custos com saúde. 

Os gastos com saúde aumentam mais rapidamente do que a economia global. Segundo o novo relatório sobre gastos globais da Organização Mundial da Saúde, divulgado esta quarta-feira, os custos com saúde já representam 10% do Produto Interno Bruto, PIB, global.

O documento revela que a rápida tendência de subida dos gastos globais com saúde é “particularmente notável” em países de baixo ou médio rendimentos, onde o tipo de gastos cresce em média 6% ao ano. Nos países mais ricos, a média é de 4%.

Preocupações

O relatório conclui também que desde o ano 2000, o gasto público em saúde por pessoa dobrou nos países de rendimento médio.
O relatório conclui também que desde o ano 2000, o gasto público em saúde por pessoa dobrou nos países de rendimento médio. , by Foto Unicef/ Michele Sibiloni Edit

Foram considerados os gastos com saúde de governos, de pagamentos diretos por parte dos doentes, seguros de saúde voluntários, programas de saúde fornecidos por empregadores e atividades de organizações não-governamentais.

De acordo com a OMS, os governos suportam, em média, 51% dos gastos com saúde de um país. No entanto, mais de 35% são provenientes de despesas reembolsáveis, o que segundo a agência empurra 100 milhões de pessoas para a pobreza extrema a cada ano.

O relatório destaca uma tendência de aumento do financiamento público interno para a saúde em países de rendimentos baixo e médio e a queda do financiamento externo em nações de renda média.

Para o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, “o aumento dos gastos domésticos é essencial para alcançar a cobertura universal de saúde e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável relacionados à saúde”.

O representante considera que “os gastos com saúde não são um custo, mas um investimento na redução da pobreza, no emprego, na produtividade, no crescimento económico inclusivo e em sociedades mais saudáveis, seguras e mais justas.”

Aumento dos Custos

O relatório conclui também que desde o ano 2000, o gasto público em saúde por pessoa dobrou nos países de rendimento médio. Em média, os governos gastam US$ 60 por pessoa em saúde nos países de baixo ou médio rendimento e perto de US$ 270 por pessoa nos países de rendimento médio alto.

A OMS explica que o aumento dos gastos dos governos com saúde reduz a probabilidade de mais pessoas caírem na pobreza em busca de serviços de saúde. No entanto, os gastos do governo apenas reduzem as desigualdades no acesso quando a utilização de recursos é cuidadosamente planeada para garantir que toda a população tenha acesso a cuidados de saúde primários.

Em países de baixo e médio rendimentos, novos dados sugerem que mais da metade dos gastos em saúde é dedicada à atenção primária à saúde. No entanto, menos de 40% de todos os gastos com cuidados primários são custeados pelos governos.

A diretora de Sistemas de Saúde, Governação e Financiamento da OMS, Agnes Soucat, destaca que todos os 194 Estados-Membros da OMS reconhecem a importância dos cuidados de saúde primários na sua adoção da Declaração de Astana em outubro passado. Por isso, a representante lembra que “eles precisam agir de acordo com essa declaração e dar prioridade aos gastos com cuidados de saúde de qualidade na comunidade.”

Financiamento Externo

A OMS explica que o aumento dos gastos dos governos com saúde reduz a probabilidade de mais pessoas caírem na pobreza em busca de serviços de saúde.
A OMS explica que o aumento dos gastos dos governos com saúde reduz a probabilidade de mais pessoas caírem na pobreza em busca de serviços de saúde.
Foto Unicef/ Frank Dejongh

O relatório também examina o papel do financiamento externo e conclui que à medida que as despesas domésticas aumentaram, a proporção do financiamento fornecido por ajuda externa caiu para menos de 1% das despesas globais com saúde. Os dados revelam que quase metade desses fundos externos são dedicados a três doenças: HIV, tuberculose e malária.

Embora o relatório ilustre claramente a transição dos países de médio rendimento para o financiamento doméstico dos sistemas de saúde, a ajuda externa continua a ter um papel essencial para muitos países, especialmente os de mais baixo rendimento.

Para Soucat, “a saúde é um direito humano e todos os países precisam de dar prioridade a cuidados de saúde primários eficientes, com boa relação custo-eficácia, para alcançar a cobertura universal de saúde e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.”