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Mais de 6 mil nigerianos fugiram para o Chade desde o dia seguinte ao Natal BR

Cerca de 134 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas devido ao conflito no nordeste da Nigéria.
Ocha/Leni Kinzli
Cerca de 134 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas devido ao conflito no nordeste da Nigéria.

Mais de 6 mil nigerianos fugiram para o Chade desde o dia seguinte ao Natal

Migrantes e refugiados

Ataques de milícias em Baga levaram cerca de 30 mil nigerianos a buscar abrigo na capital estadual de Borno; mulheres e crianças formam a esmagadora maioria dos recém-chegados ao Chade; travessia do Lago Chade é feita em barcos a remos.

Um novo surto de violência no nordeste da Nigéria forçou cerca de 6 mil pessoas a fugir do estado de Borno para buscar segurança em território chadiano, desde o dia a seguir ao Natal.

Segundo a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, esse movimento para a região do Lago Chade começou depois de confrontos entre forças da Nigéria e grupos armados na cidade de Baga, próximo da fronteira entre os dois países.

A maioria das pessoas atravessou o Lago Chade em barcos a remo até à aldeia chadiana de Ngouboua
A maioria das pessoas atravessou o Lago Chade em barcos a remo até à aldeia chadiana de Ngouboua. Foto: Acnur/Olivier Laban-Mattei

Barcos a remo

A maioria das pessoas atravessou o Lago Chade em barcos a remo até à aldeia chadiana de Ngouboua. A viagem para a área das margens, situada a 20 quilômetros da fronteira com a Nigéria, leva três horas.

De acordom com relatos dos refugiados, ameaças de retaliação e intimidação das milícias são os principais motivos da fuga. O Acnur e as autoridades do Chade indicam que cerca de 55% dos refugiados são menores de idade. Eles formam a esmagadora maioria dos recém-chegados juntamente com as mulheres. 

Por preocupações de segurança, o governo do Chade pediu apoio da agência para retirar os refugiados das áreas de fronteira. Cerca de 4,2 mil pessoas já foram movimentadas para uma área chadiana, onde 11,3 mil refugiados nigerianos estão abrigados desde 2014.

Refeições

Os recém-chegados ainda vivem em abrigos coletivos e precisam de artigos como cobertores e mosquiteiros. À chegada, eles recebem refeições quentes, água e saneamento.

A recente onda de violência levou mais de 30 mil pessoas a procurarem abrigo na capital estadual de Borno, Maiduguri. O Acnur aponta que estas precisam de assistência humanitária.

A agência segue ainda cerca de 9 mil refugiados nigerianos que teriam sido forçados a retornar de Camarões na semana passada. Eles entraram no país vizinho após um ataque de milícias à vila fronteiriça de Rann, no estado de Borno, em14 de janeiro.

A agência apela aos países da região que mantenham as fronteiras abertas para os refugiados que fogem da insegurança na Nigéria.

ONU estima que 7,1 milhões de pessoas precisem de assistência humanitária essencial nas áreas mais atingidas pelo conflito entre o governo e o grupo terrorista Boko Haram.
Acnur/Hélène Caux
ONU estima que 7,1 milhões de pessoas precisem de assistência humanitária essencial nas áreas mais atingidas pelo conflito entre o governo e o grupo terrorista Boko Haram.