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Estudo da ONU aponta riscos para economias de países lusófonos em 2019 e 2020

Unctad acredita, no entanto, que produtos como soja e cobre devem ficar de fora da crise gerada pela pandemia. 
Unep Grid Arendal/Riccardo Pravettoni
Unctad acredita, no entanto, que produtos como soja e cobre devem ficar de fora da crise gerada pela pandemia. 

Estudo da ONU aponta riscos para economias de países lusófonos em 2019 e 2020

Desenvolvimento econômico

Novo relatório global também indica melhorias nesses países, mas deixa alguns avisos; especialista aponta questão da dívida pública em Moçambique; Angola depende de preço do petróleo e Brasil deve realizar reformas.

Os países lusófonos estão a melhorar em termos económicos, mas enfrentam alguns riscos como dívida pública, variação do preço do petróleo e tensões comerciais.

A conclusão é do relatório Situação Económica Mundial e Perspectivas, produzido pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento, Unctad, e o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, Desa.

Moçambique fez alguns progressos nesta área, sobretudo a nível legislativo.
Economia de Moçambique deve acelerar, by FAO/Paballo Thekiso

Moçambique

Para Moçambique, a agência da ONU prevê que o ritmo de crescimento se mantenha igual ao do ano passado, 3,4%, e que tenha um ligeiro aumento para 4% em 2020.

Em entrevista à ONU News, em Nova Iorque, a especialista em assuntos econômicos do Desa, Helena Afonso, disse que “a economia moçambicana ainda não recuperou de vários choques negativos, nomeadamente a descoberta de dívida oculta em 2016.”

“Para termos uma comparação, a economia moçambicana cresceu cerca 7% ao ano entre 2004 e 2015. A nossa previsão é baseada num crescimento moderado do consumo privado e um maior investimento direto estrangeiro. Particularmente em megaprojetos de gás natural e liquefeito. Em termos de riscos, o maior seria, sem dúvida, o pesado fardo da dívida do setor público, que se encontra acima de 100% do PIB, e uma falta de acordo nas negociações sobre a dívida.”

Angola

Em relação a Angola, a especialista diz que “a situação está a melhorar.” Está previsto um crescimento de 2,4% este ano e 3% no próximo ano, sustentado por maior procura interna.

“Há um aumento da produção petrolífera e de diamantes, mas também efeitos das reformas econômicas em andamento, que devem melhorar o clima dos negócios. No entanto, a performance da economia angolana depende muito da evolução do preço do petróleo, o qual prevemos que se mantenha, apesar de tudo, acima de 70 dólares este ano.”

Brasil

A pesquisa prevê uma recuperação moderada para o Brasil, crescendo 2,1% este ano e 2,5% em 2020.

Helena Afonso diz que esta evolução é “sustentada por um maior investimento privado, maior consumo das famílias e continuação de uma política monetária acomodativa e inflação moderada.”

Segundo ela, “os riscos estão equilibrados, mas dependem muito de o novo governo ser capaz de implementar reformas macroeconômicas favoráveis ao mercado e conseguir restaurar a confiança.”

A especialista alerta ainda que “do ponto de vista do desenvolvimento sustentável, seria importante se os planos de governos para liberalizar, desregular e privatizar tivessem em conta, também, as consequências sociais”. Os exemplos seriam “nos povos indígenas, nos mais pobres e nas consequências ambientais.”

Destaque ONU News Especial - Situação Econômica Mundial e Perspectivas 2019

Mundo

Segundo as conclusões do relatório apresentado na segunda-feira, o crescimento da economia global atingiu um pico, mas deve continuar crescendo a um ritmo constante de cerca de 3% em 2019 e em 2020.

Apesar das previsões, a pesquisa diz que “uma preocupante combinação de desafios de desenvolvimento pode prejudicar ainda mais o crescimento.”

Em nota, o secretário-geral da ONU, António Guterres, explica que "os indicadores econômicos globais permanecem amplamente favoráveis, mas não contam toda a história".

Segundo ele, existem “preocupações sobre a sustentabilidade do crescimento econômico global devido ao aumento de desafios financeiros, sociais e ambientais.”