Documentário de cineasta brasileiro aborda histórias de refugiados na Alemanha
Filme foi rodado em Berlim, num aeroporto que em 2015 foi transformado em abrigo para pessoas que procuram refúgio; em entrevista, Karim Aïnouz comenta o papel do cinema na crise de refugiados*
O documentário “THF: Aeroporto Central” transporta o espectador para os terminais do Tempelhof, um aeroporto construído na Berlim da década de 20 e transformado num abrigo para refugiados em 2015.
Com direção do brasileiro Karim Aïnouz, o filme aborda o drama de quem fugiu da guerra para sobreviver, mas vive com a angústia de um futuro incerto na Europa.
De acordo com a Agência de Refugiados da ONU, Acnur, em todo o mundo, há 25.4 milhões de refugiados, 40 milhões de pessoas deslocadas internamente e mais de 3 milhões que procuram asilo.
Histórias de refugiados
O filme acompanha ao longo de um ano o jovem sírio Ibrahim Al Hussein, que deixou seu vilarejo, próximo à fronteira com a Turquia, por causa de um conflito em sua terra natal.
Refugiados de outros países também são retratados no documentário. Através de suas histórias, o público conhece as dificuldades de integração na nova pátria, a falta de privacidade no abrigo, a burocracia para regularizar a documentação migratória e conseguir trabalho.
Diretor brasileiro
Radicado na Alemanha há quase dez anos, Karim Aïnouz explica que o documentário nasceu do seu incômodo com a forma como a imprensa cobria, em 2015, a ida de refugiados para o continente europeu.
Naquele ano, cerca de 970 mil refugiados e migrantes chegaram à Europa pelo Mar Mediterrâneo e outros 34 mil por terra, segundo dados da Acnur, e da Organização Internacional para as Migrações, OIM.
Em 2015 e em 2016, mais de 1 milhão de migrantes que buscavam proteção foram acolhidos pela Alemanha.
O Centro de Informação da ONU para o Brasil, Unic Rio, entrevistou em exclusivo o diretor brasileiro. Veja no vídeo abaixo:
Filmagens
Aïnouz passou seis meses visitando o aeroporto para conhecer seus habitantes, antes de conseguir permissão para gravar, por volta de julho de 2016.
O cineasta lembra que “ninguém podia entrar naquele abrigo porque tinha uma questão de segurança, as pessoas tinham que passar por uma triagem, para a proteção de quem estava vivendo ali”.
Para o diretor, “o cinema tinha a obrigação de derrubar aquele muro”, e assim permitir que o público pudesse entrar num lugar que normalmente não iria.
O filme fez sua estreia mundial num festival em Berlim em março de 2018, e tem previsão de lançamento no Brasil para março de 2019.
*Reportagem ONU Brasil