ONU quer erradicar fístula obstétrica, que atinge 2 milhões de mulheres no mundo

Dia Internacional pelo Fim da Fístula Obstétrica é marcado neste 23 de maio; Fundo das Nações Unidas para a População lidera ações de combate ao problema; para chefe do Unfpa, condição rouba saúde e dignidade de mulheres e meninas.
A diretora-executiva do Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, Natalia Kanem, diz que a fístula obstétrica "está a roubar silenciosamente a saúde, esperança e dignidade de milhões de meninas e mulheres." Esta quarta-feira, marca-se o Dia Internacional pelo Fim da Fístula Obstétrica.
A ONU calcula que 2 milhões de mulheres vivem com esta lesão na África Subsaariana, Ásia, em países árabes na América Latina e no Caribe. Entre 50 a 100 mil mulheres, todos os anos, passam a ter fístula.
A embaixadora da Boa Vontade do Unfpa, Catarina Furtado, falou com a ONU News sobre porque continua a ser importante lutar contra este problema.
“Apesar de haver alguma evolução, e há, não nos podemos esquecer que nos últimos anos tem havido muita evolução no que diz respeito a mortes maternas e ao acesso ao planeamento familiar, ainda há muito ainda por fazer. No que diz respeito à fístula, não nos podemos esquecer que ela acontece, também, porque existem ainda muitos casamentos infantis precoces. As meninas contraem o matrimonio e ficam sujeitas a gravidezes que não são acompanhadas. Depois, existe esta parte do não acompanhamento médico qualificado.”
A ONU celebra o Dia Internacional pelo Fim da Fístula Obstétrica desde 2013. O tema deste ano é “Não deixar ninguém para trás: comprometer-se com o fim da fístula agora.”
Natalia Kanem explica que a fistula é causada por um trabalho de parto demorado e “normalmente deixa as mulheres com incontinência crônica e pode resultar em morte”.
Segundo o Unfpa, as vítimas muitas vezes sofrem com depressão, isolamento social e pobreza profunda. Muitas mulheres vivem com esta condição durante anos porque não podem pagar os tratamentos.
O Unfpa diz que a condição é evitável e praticamente foi eliminada dos países desenvolvidos. Mulheres sem acesso a serviços de saúde materna têm maior probabilidade de desenvolver este problema, bem como as meninas que são sujeitas a casamento infantil e gravidez na adolescência.
A agência conta o caso de Amina Mba, dos Camarões, que se casou aos 13 anos. Durante o trabalho de parto, a menina desenvolveu uma fístula que a deixou incontinente. A família e o marido abandonaram Amina.
No ano passado, ela se tornou uma das 100 mil meninas e mulheres que, desde 2003, têm corrigido o problema graças a uma operação financiada pelo Unfpa.
Numa nota sobre o dia, o Unfpa afirma que a persistência deste problema “é um sinal da desigualdade global e uma indicação de que os sistemas de saúde estão a falhar na proteção dos direitos humanos das mulheres e meninas mais pobres e vulneráveis.”
Apresentação: Monica Grayley.