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Relatório da ONU mostra redução da ameaça de mutilação genital feminina BR

Relatório da ONU mostra redução da ameaça de mutilação genital feminina

Documento diz que prática está concentrada em países da África e Oriente Médio; índice de mulheres e meninas que sofreram mutilação caiu de 53 para 36%.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

No Dia Internacional de Tolerância Zero da Mutilação Genital Feminina, esta quarta-feira, relatório da ONU mostra que a ameaça desta prática está diminuindo.

O documento revela que em 29 países da África e do Oriente Médio, onde a mutilação está mais concentrada, 36% das meninas de 15 a 19 anos sofreram a violência comparado com os 53% das mulheres entre 45 e 49 anos.

Redução

Segundo o relatório, a redução pode ser vista com mais destaque no Quênia, por exemplo, com uma queda de 300%.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e o Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, estão trabalhando juntos desde 2008 para combater essa atrocidade.

Ação

A embaixadora da Boa Vontade do Unfpa, a jornalista portuguesa Catarina Furtado, falou sobre o que é preciso para acabar com essa violação dos direitos humanos.

Em entrevista à Rádio ONU, Furtado comentou sobre o problema cultural.

“Uma das coisas que eu acho que é fundamental é não nos agarrarmos a desculpa de que a mutilação genital feminina, como outras práticas nefastas, atentórias aos direitos humanos das meninas e das mulheres em todo o mundo, são uma questão cultural. Eu acho que essa é uma coisa que devemos afastar porque se há indícios de que é possível erradicar a mutilação genital feminina, quer dizer então, que é possível adaptar essas práticas culturais a aquilo que hoje em dia é a luta pelos direitos humanos.”

Progresso

O diretor-executivo do Unicef, Anthony Lake, afirmou que esse progresso mostra que é possível acabar com a mutilação genital feminina.

O diretor-executivo do Unfpa, Babatunde Osotimehin, afirmou que a chave para quebrar o ciclo de discriminação e violência é empoderar mulheres e meninas.

Prática

Segundo as agências da ONU, nestes últimos 4 anos, 10 mil comunidades em 15 países, representando 8 milhões de pessoas, abandonaram essa prática.

Só em 2012, quase duas mil comunidades na África declararam publicamente compromisso para acabar com a mutilação genital feminina.

Atitude

O relatório mostrou ainda que as atitudes estão mudando até mesmo em países onde a prática é bastante utilizada. No Egito, por exemplo, cerca de 90% das mulheres sofreram esse tipo de violência.

A diferença é que a porcentagem dessas mulheres que casaram e acham que a prática deve acabar, mais do que dobrou entre 1995 e 2008.