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Aumento de deslocados pode reduzir ajuda humanitária para RD Congo

Deslocados internos em Kivu do Norte, na RD Congo. Foto: Acnur/F.Noy

Aumento de deslocados pode reduzir ajuda humanitária para RD Congo

Acnur revela que motivos de fuga incluem ação de milícias, agitação, violência e conflitos; Acnur adverte que mais de 100 mil pessoas deixaram o país em um ano; pelo menos 428 mil deslocados foram registados nos últimos três meses.

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.*

A Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, anunciou esta terça-feira que cerca de 100 mil congoleses fugiram para para pedir abrigo nos países vizinhos em 2016.

Em comunicado lançado em Genebra, a agência revela que está cada vez mais preocupada com a escalada do deslocamento em várias regiões importantes da República Democrática do Congo, RD Congo.

Conflitos

O número de deslocados internos mais do que duplicou para os atuais 3,9 milhões de pessoas. Cerca de 428 mil congoleses foram obrigados a abandonar as suas casas somente no último trimestre.

Entre as principais razões para o tipo de movimento estão ações de milícias, agitação e violência “agravadas por conflitos étnicos e políticos em várias áreas”. Esses fatores aumentam o risco de deslocamento e os desafios para obter ajuda para os necessitados.

Apoio de emergência

Entretanto, o Programa Mundial de Alimentação, PMA, anunciou que vai aumentar a ajuda de emergência para “evitar uma catástrofe humanitária” no país dos Grandes Lagos.

O plano da agência é alcançar cerca de meio milhão de pessoas até o fim do ano e acelerar a distribuição até o início de 2018.

Até o fim de dezembro, o PMA precisa de US$ 27 milhões para garantir a assistência alimentar aos necessitados devido ao conflito, que somente na região do Grande Kassai deslocou 3,2 milhões de pessoas.

Subsistência

O conflito provocou a fuga dos habitantes da área que dependiam em grande parte da agricultura de subsistência e enfrentam fome grave.

Para sobreviver, cerca de 75% de participantes de um inquérito disseram ter pedido esmolas e optado por táticas de sobrevivência como prostituição e ingestão de sementes que estavam guardadas para o plantio.

Em áreas mais afetadas do Kassai, nove em cada 10 pessoas passam fome.  A desnutrição aguda supera o limiar de emergência de 10%.   Muitos podem ter apenas uma refeição por dia pobre em proteínas, vitaminas e minerais.

*Apresentação: Denise Costa.

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